Embate

CUT critica falta de diálogo do governo ao cogitar mexer na Previdência

Em nota de sua direção executiva, central condena pressões por mudanças sem consulta ao Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social criado pelo governo

São Paulo – A direção da CUT divulgou nota em que considera “inaceitável” a instituição de idade mínima maior para aposentadorias. Atualmente, a condição, determinada pela reforma, é idade mínima de 48 anos para mulheres e de 52 para homens, além de tempo mínimo de contribuição de 30 e 35 anos, respectivamente. Ontem (17), durante encontro com jornalistas, a presidenta Dilma Rousseff disse que o tema terá de ser “encarado” sob pena de a Previdência Social se inviabilizar no futuro, dado o aumento da expectativa de vida dos brasileiros.

Para a central, uma eventual imposição de idade mínima “prejudica que ingressa cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores”. A entidade protesta ainda pelo que considera um “equívoco” o anúncio de supostas mudanças sem que seja travado um diálogo com representantes do governo e da sociedade dentro Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social, espaço criado pelo próprio governo em meados do ano passado.

Leia a íntegra da nota

Pesquisa Vox Populi encomendada pela CUT no final do ano passado aponta que 88% dos entrevistados são contra mudanças na Previdência que possam penalizar o/a trabalhador/a. Apesar disso, fomos surpreendidos com declarações da presidenta Dilma Rousseff feitas à imprensa sobre a necessidade de mudanças, sinalizando, especialmente, que é preciso implantar a idade mínima para as aposentadorias.

Para nós, esta proposta é inaceitável porque prejudica quem ingressa cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores brasileiros. Porém, mais uma vez o governo se equivoca ao anunciar mudanças que interferem no cotidiano da classe trabalhadora, sem dialogar e ouvir as propostas de quem a representa – caso da CUT e demais centrais sindicais. O que nos admira é que esse diálogo deveria se dar no Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social, espaço criado pela própria presidenta e coordenado pela Secretaria Geral da Presidência da República.

Para nós, esta postura do governo e da presidenta Dilma de não dialogar dificulta cada vez mais a relação com as centrais sindicais e com os movimentos sociais.

A presidenta alega que a mudança na Previdência é necessária porque do jeito que está não se sustenta. Porém, para a CUT, que tem propostas para dialogar, antes de discutir Previdência é preciso discutir todo o sistema de Seguridade Social. A partir disso, buscar resolver os problemas da Previdência, cujos principais são a sonegação, que deve ser duramente combatida, e as isenções fiscais que recaem sobre ela.  Essas isenções devem ser absorvidas pelo Tesouro, e não pela Previdência, porque são fiscais.

Reformar a Previdência com a perspectiva de retirar direitos afasta cada vez mais o governo dos trabalhadores e sociedade em geral.  Somos contra qualquer medida que retire direitos e este anúncio da presidenta vai à contramão do que defendemos. Em 2016 queremos avançar nas conquistas e não retroceder.

São Paulo, 8 de janeiro de 2016

Executiva Nacional da CUT