Contraf-CUT

Bancários propõem mudar sistemas financeiro e tributário para conter a crise

Juvandia Moreira (Contraf-CUT) disse ainda que é preciso combater o desmonte das estruturas do Estado promovido pelo governo Bolsonaro

Reprodução/SP Bancários
Reprodução/SP Bancários
Juvandia defendeu fortalecimento dos bancos públicos para ajudar pequenos empresários e agricultores durante a pandemia

São Paulo – Terminou no último sábado (4) a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, que aprovou plano de lutas para a categoria. Os debates contaram com a participação de cerca de 1.200 pessoas, com discussões que dizem respeito não só à categoria, mas também ao futuro do país. De acordo com a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, o governo Bolsonaro tem afundado o Brasil na crise econômica.

“Temos que lutar contra esse desmonte que o Brasil está vivendo. Esse desmonte inclui a entrega das empresas públicas, desemprego altíssimo, fome e miséria gritantes, vistas a olhos nus nos grandes centros”, disse Juvandia em entrevista a Glauco Faria para o Jornal Brasil Atual nesta segunda-feira (6).

Para ela, além do Fora Bolsonaro, a melhora nas condições sociais e econômicas no país passam por transformações no sistemas financeiro e tributário.

No primeiro caso, ela destacou que, no ano passado, os bancos públicos – Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil – foram responsáveis pela maior parcela de crédito concedido a pequenas e microempresas durante a pandemia. Para Juvandia, é preciso uma nova regulação do sistema financeiro e uma maior ação dos bancos privados, que captam recursos baratos e oferecem créditos a juros proibitivos.

“Hoje (esse sistema) extrai recursos da sociedade, drena esses recursos, utilizando-os para o enriquecimento de poucos, que são os grandes investidores que atuam no mercado financeiro. O que a gente defende é o contrário: que invistam esses recursos para que a sociedade viva melhor. No cartão de crédito, você paga 300%, 400% de juros anuais. No cheque especial, a mesma coisa. E agora, com juros subindo, fica ainda pior”, disse a presidenta da Contraf-CUT.

Reforma tributária progressiva

A estrutura tributária é outra ferramenta que pode ser utilizada para combater as desigualdades no país, segundo os bancários. Mas, para tanto, ela defende uma mudança na estrutura tributária. “A reforma progressiva que a gente defende é para tributar aqueles que tem muito dinheiro e pagam poucos impostos. E distribuir essa renda para aqueles que tem menos, por meio de serviços públicos em saúde e educação, por exemplo. É como acontece em grande parte dos países do mundo”, destacou.

Bancários, covid e teletrabalho

Entre as pautas de interesse da categoria bancária, Juvandia destacou as discussões relativas à adoção do teletrabalho. Ela diz que pesquisas realizadas pela Contraf-CUT comprovaram que aqueles que ficaram em casa ficaram muito mais protegidos do risco de contaminação pelo novo coronavírus. No entanto, aumentaram os gastos com contas de energia e internet, por exemplo. Outro tema diz respeito à assistência aos profissionais do setor que tiveram sequelas físicas ou psicológicas em função da doença. “São questões que vamos precisar conversar e negociar ainda mais com os bancos”, ressaltou.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira