campanha nacional

Com lucro de R$ 30 bi no 1º semestre, bancos seguram proposta e não garantem emprego

Terceira rodada de negociação entre a Federação dos Bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários, realizada hoje (24), terminou sem avanços. Próxima reunião será segunda (29)

Sind.BancáriosSP

Bancários estão em campanha nacional por melhores condições salariais e de trabalho e garantia de emprego

São Paulo – A terceira rodada de negociação entre a Federação dos Bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários, realizada hoje (24), terminou sem avanços nas principais reivindicações da categoria, que incluem reajuste de salário e de benefícios e melhores condições de trabalho. Uma nova reunião está marcada para segunda-feira (29). A pauta de reivindicações foi entregue no último dia 9.

Os bancários exigem reajuste salarial de 14,78% (5% de aumento real e 9,31% referentes à inflação); participação dos lucros ou resultados (PLR) de três salários mais R$ 8.297,61; piso salarial de R$ 3.940,24, vale-refeição de R$ 40 por dia, vale-alimentação de R$ 880, 13ª cesta de alimentação no valor de R$ 880 e auxilio-creche/babá de R$ 880, 14º salário; fim das metas abusivas e do assédio moral; melhores condições de trabalho nas agências digitais; mais segurança nas agências bancárias; e auxílio-educação.

“Não houve avanço nas principais reivindicações da categoria. Os bancos dizem que não podem garantir empregos e ainda não definiram o índice de reajuste para a categoria, principal responsável pelos seus lucros bilionários”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região Juvandia Moreira.

Uma das prioridades da campanha de 2016 é a defesa do emprego, já que a categoria enfrentou o fechamento de 6.785 mil postos de trabalho só entre janeiro e maio, o que representa 1,2% do total de postos de trabalho extintos na economia. “Além da rotatividade, o setor também segue contratando o trabalhador com salário em média 45% menor. Você acha justificável que o setor mais lucrativo do país demita milhares de trabalhadores para reduzir custos?”, questiona a secretária geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.

O sindicato defende que não há crise para o setor bancário. O lucro líquido dos cinco maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander) atingiu R$ 29,96 bilhões nos seis primeiros meses do ano, segundo a entidade. Dos 25 setores com empresas de capital aberto avaliados pela Consultoria Economática, o bancário foi o de maior lucratividade no primeiro trimestre deste ano. As receitas com prestações de serviços e tarifas bancárias cresceram 6,2%, atingindo o valor de R$ 26,582 bilhões.

De acordo com dados da Fenaban, em 2015 as transações por meio de internet ou smartphones representaram 54% do total, enquanto os canais tradicionais (agências, ATMs e call center) foram responsáveis por 30%. As transações em smartphones cresceram mais de 100 vezes desde 2011 e o número de contas correntes com mobile banking passou de 400 mil em 2009 para 33 milhões em 2015.

A campanha salarial tem como principal reivindicação a garantia de melhores condições de trabalho nas agências digitais em termos de emprego e jornada de trabalho. “Os bancos investem em tecnologia para reduzir seus custos e aumentar sua competitividade. Não somos contra a tecnologia, mas é preciso transações seguras, com a redução do valor das taxas para a população e melhores condições de trabalho para a categoria. Os ganhos com as novas tecnologias têm que ser apropriados pela sociedade e pelos trabalhadores, não só pelos banqueiros”, diz Ivone.

Atualmente, os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil, segundo o sindicato. Os dados do INSS revelam que, entre 2009 e 2014, houve um crescimento de 70,5% nos transtornos mentais e comportamentais na categoria. No mesmo período, nas outras categorias, o crescimento foi de 19%.

Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional, garantindo que os direitos conquistados tenham legitimidade em todo o país. Ao todo, são pelo menos 512 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil com base no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país.