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Trabalhadores dos Correios anunciam greve por direitos e contra a privatização

Decisão deve ser concluída em assembleias na madrugada desta quarta (18). Além de estar em campanha salarial, categoria se mobiliza para frear no Senado a venda da estatal

arquivo/abr
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"A ideia é que com a adesão iniciemos uma greve por tempo indeterminado”, disse o secretário de Comunicação da Fentect, Emerson Marinho

São Paulo – Os trabalhadores dos Correios devem entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (18). A decisão pela paralisação foi aprovada em plenária nacional da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect). Porém, o rumo do movimento será decidido em assembleias durante a madrugada. “A direção da Fentect reafirmou o calendário de deflagração da greve. À zero hora do dia 18, também faremos assembleias com o terceiro turno. A ideia é que, com a adesão, iniciemos uma greve por tempo indeterminado”, disse o secretário de Comunicação da Fentect, Emerson Marinho.

As reivindicações dos trabalhadores envolvem melhorias das condições de trabalho e reajuste salarial, além de exigir o fim do sucateamento da empresa e do projeto do governo Jair Bolsonaro de entregar os Correios para o setor privado. Se aprovada, a mobilização também integrará a greve do funcionalismo público contra a “reforma” administrativa.

O Projeto de Lei (PL) 591, que abre caminho para a privatização dos Correios, foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 5 deste mês. Agora, a matéria passa a tramitar no Senado Federal. Na Câmara, o projeto passou às pressas, a partir da articulação do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), com Bolsonaro. Aliados, o governo e o Centrão aprofundam o desmonte de empresas públicas lucrativas.

Em assembleia realizada hoje, o diretor da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), Douglas Cristóvão, defendeu a greve e lembrou que “o governo federal mente e propõe uma privatização inconstitucional. Uma empresa militarizada, bolsonarista, que prejudica o trabalhador e a população”.

Resistência

Embora a aprovação da matéria na Câmara seja uma derrota, as perspectivas dos trabalhadores sobre a tramitação da matéria no Senado são positivas. Isso porque os sindicatos afirmam terem obtido garantias de que a apreciação do projeto não será apressado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “O Senado tem um debate diferente. Lideranças do Senado se comprometeram que a matéria não vai passar atropelando, como foi na Câmara. Vai passar por quatro comissões e vamos ter amplo debate”, disse Douglas.

Um dos pontos sensíveis da matéria diz respeito à constitucionalidade. Como o serviço postal público é previsto pela Constituição Federal, para alterar um artigo da Carta Magna, seria necessário um Projeto de Emenda à Constituição (PEC).o que requer maioria qualificada para ser aprovado. Por essa razão, o governo tenta apressar a entrega da empresa por meio de um Projeto de Lei simples. “Não pode! Estamos questionando isso também no Supremo Tribunal Federal (STF). Tem um longo caminho para tramitar (no Senado). A previsão é que vote o projeto em setembro. Nossa ideia é para que seja rejeitado. Esse projeto prejudica a economia brasileira”, completou o dirigente.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também se csoma à mobilização dos trabalhadores dos Correios e destaca a falta de coerência na privatização. “A CUT entrou nesta luta e por meio do site “Na pressão” é possível enviar mensagens aos senadores – por e-mail, WhatsApp e telefone – para que eles saibam que a população é contra a venda de uma das empresas mais premiadas e eficientes do país, que tem mais de 90 mil trabalhadores e gera lucros bilionários. Somente no ano passado o lucro dos Correios foi de R$ 1,5 bilhão”, afirma a entidade.