Pandemia

Número de funcionários nas penitenciárias cai e há risco de colapso na segurança

Trabalhadores que fazem parte de grupos de risco estão afastados e sobrecarga dos que ficaram preocupa sindicatos

Wilson Dias/EBC
Wilson Dias/EBC
Há unidades com menos de 10 funcionários para mais de 2 mil detentos: risco de colapso na segurança do sistema prisional do estado de São Paulo

São Paulo – As entidades representativas dos funcionários das penitenciárias paulistas alertam para um colapso na segurança caso não sejam contratados novos trabalhadores. Isso porque a falta de servidores, que já era uma preocupação antes da pandemia, agravou-se diante do novo coronavírus. Muitos trabalhadores estão afastados por pertencerem a grupos de risco. Essa situação se soma a unidades prisionais lotadas muito acima da capacidade do sistema paulista.

O presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), Fábio Jabá, destaca que o governador João Doria, desde que assumiu em 2019, não convocou nenhum novo policial penal. Esses são os funcionários responsáveis por fazer a custódia, segurança e a movimentação interna dos sentenciados. Existem concursados de 2014 que até hoje não foram chamados, denuncia o dirigente sindical. “Há três anos que não há convocação. Temos número alto de aposentados, exonerações, então o déficit a cada dia aumenta”, afirmou à jornalista Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual.

Colapso na segurança à vista

Atuando no Centro de Detenção Provisória 1, de Guarulhos, o policial penal Luiz Piva comenta que a pandemia deixou ainda mais visível a falta de profissionais no sistema prisional paulista. Com o número reduzido de funcionários, além do desvio de função, há aumento de horas trabalhadas resultando em cansaço físico e mental. “Isso tem impacto direto no funcionamento das unidades prisionais. São os policias penais que fazem a estrutura da segurança essencial e básica das unidades. Esse déficit faz com que a segurança fique fragilizada, assim como todos os serviços. Assim, temos muitos policias em desvio de função”, denuncia o representante do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp). “Isso acarreta carga de estresse muito grande ao policial penal que já vinha saturado e agora tem essa carga quadruplicada de serviço.”

No dia 24 de outubro, 21 detentos fugiram da penitenciária de Presidente Prudente, zona oeste do estado, devido ao reduzido número de agentes de segurança. Há unidades com menos de 10 funcionários para mais de 2 mil detentos, critica Fábio Jabá. “A Pemano (em Tremembé), que fui visitar ontem, tem 2.500 presos e seis policiais penais no turno da noite. E tem uma extensão territorial tremenda. Temos relatos de unidades com 2 mil presos e dois policiais penais à noite. Cinco para o dia. Nosso medo é justamente que isso vai colapsar.”

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