Compromisso rompido

Campanha nas redes sociais questiona demissões no Itaú durante a pandemia

Internautas utilizaram a hashtag #ItaúNãoDemitaMeusPais para questionar demissões, apesar dos lucros bilionários registrados pelo banco

Reprodução/Contraf-CUT
Reprodução/Contraf-CUT
Ação dos bancários usou o Dia das Crianças como tema da campanha contra demissões

São Paulo – Para denunciar uma onda de demissões no banco Itaú, internautas realizaram um “tuitaço” na manhã desta quarta-feira (23). Foram ao menos 130 trabalhadores demitidos, mesmo após compromisso firmado em março com os trabalhadores de que não haveria cortes durante a pandemia.

Com a hashtag #ItaúNãoDemitaMeusPais, antecipando o Dia das Crianças, eles questionaram a postura da instituição, destacando os ganhos bilionários obtidos pela instituição no último período.

Em 2019, o Itaú registrou lucro recorde de R$ 28 bilhões. Além disso, no primeiro semestre deste ano, mesmo com a economia do país em queda, o lucro registrado pelo banco foi de R$ 8 bilhões.

Contudo, no início da pandemia, após cobrança do Comando Nacional dos Bancários e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o Itaú havia anunciado que, neste período, só demitiria por justa causa ou por desvio ético.

Mas, neste mês, 130 funcionários do setor de veículos foram demitidos. A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú afirma que ocorreram demissões de trabalhadores também nas agências. Os cortes atingiram, por exemplo, bancários em licença médica e outros que tinham recebido prêmios por bom desempenho.

Pressionados pelo COE, o Itaú afirmou que realocou 70% dos funcionários da área de veículos que inicialmente iriam ser demitidos. Mas os sindicatos querem o restabelecimento do acordo de demissão zero durante a pandemia.

Por outro lado, o banco também assumiu desvios no processo de desligamento, e se comprometeu a reavaliar os casos de bancários demitidos em tratamento de saúde. Em função disso, os trabalhadores também pressionam para que as homologações voltem a serem feitas nos sindicatos da categoria. A mudança ocorreu após a aprovação da “reforma” trabalhista, do governo Temer, que entrou em vigor em novembro de 2017.

Contradições

Para o coordenador da COE do Itaú, Jair Alves, os cortes durante a pandemia contrastam com a postura supostamente “humanizada” que o banco tenta vender nas suas campanhas publicitárias. “Não podemos aceitar tamanha incoerência. Esta é a hora do banco mostrar sua responsabilidade com o país.”

Confira as manifestações no Twitter:

Com informações da Contraf-CUT.