Prevenção

Bancários conquistam ações emergenciais de combate a coronavírus nos bancos

Comando Nacional dos Bancários discute nacionalmente, com bancos, acões para reduzir riscos de contaminação de bancários e da população

Roberto Parizotti
Roberto Parizotti
Juvandia e Ivone, do Comando Nacional dos Bancários: negociação de medidas com extensão para todo o Brasil

São Paulo – Os bancos devem operar com horário reduzido de atendimento nas agências, organizar turnos alternados de trabalho em regime contingenciado. A determinação, voltada para favorecer a prevenção ao avanço da pandemia de coronavírus no Brasil, vale a partir desta quinta-feira (19) e consta de circular pelo Banco Central. A circular atendeu a reivindicação feita pelo Comando Nacional dos Bancários.

O comando reúne entidades sindicais que representam 95% da categoria. E orienta também aos clientes e usuários que façam o possível para atender a determinação da Organização Mundial de Saúde e permanecer em isolamento, em casa – só se dirigindo a agências em caso de extrema necessidade.

A decisão do BC deve influenciar positivamente a conduta de todas a instituições financeiras, contrastando com a postura ainda negligente de boa parte do empresariado, num momento de avanço acelerado dos casos de coronavírus no Brasil – que apresentou hoje (20) aumento de 45% dos casos confirmados e de 54% no número de mortes.

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) aprovou a criação de um comitê bipartite de crise – com representantes dos bancos e dos bancários – para acompanhamento do avanço do coronavírus e implementação de comunicação preventiva em todos locais de trabalho.

“Solicitamos a redução do horário de atendimento e o contingenciamento do acesso às agências bancárias. A preocupação é com a saúde dos profissionais bancários e também da população. Entendemos que a população não pode ficar sem os serviços bancários essenciais, ainda mais em um momento de crise como o que estamos vivendo hoje no país”, admite a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, da coordenação do Comando Nacional.

“Muitos dependem de benefícios do INSS ou programas sociais para sobreviver, e não podem ficar sem eles. Mas cobramos que os bancos adotem a redução do horário desse atendimento para preservar clientes e usuários e os trabalhadores bancários”, afirma Ivone. Segundo ela, os bancos se comprometeram a reforçar medidas de limpeza, e higiene, conforme orientação do Ministério da Saúde, em todos os locais de trabalho.

“Também somos uma das únicas categorias que conseguiu rapidamente a liberação de funcionários que estão no grupo de risco, como gestantes, idosos, diabéticos, cardíacos, entre outros. E a antecipação da campanha de vacinação da gripe”, ressalta Ivone Silva. “Vamos aumentar o tom das cobranças para que sejam implantadas medidas como a suspensão de metas e das demissões pelos bancos”.

Medidas

O Bando do Nordeste do Brasil divulgou hoje comunicado reduzindo a jornada para quase todos os seus funcionários e instituindo dois turnos de trabalho. O comunicado informa que de segunda a sexta (23 a 27), todos os empregados cumprirão jornada de trabalho de seis horas diárias, sem prejuízo de sua remuneração. Basta que o gestor da unidade organize dois turnos de trabalho, das 7h às 13h e das 13h às 19h. Com isso, os funcionários que cumpriam oito horas diárias de trabalho terão redução de duas horas em suas jornadas.

Ajustes de horários de atendimento e de jornada e ações específicas nas relações e condições de trabalho vêm sendo adotados nos diversos bancos públicos e privados de todo o país.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, diz que o contingenciamento é para que seja garantido o atendimento a pessoas que não têm cartão para saque em unidades de autoatendimento, aposentados que não tenham alternativa para sacar os benefícios, trabalhadores que tenham de sacar o FGTS, ou desempregados que tenham que sacar o seguro-desemprego, entre outros.

“A limitação precisa priorizar o atendimento a esse público para que eles tenham como manter sua subsistência”, explica a presidenta da Contraf-CUT. Segundo Juvandia, que é também da coordenação do comando, o trabalho nos departamentos que não envolvam o atendimento bancário tem perfil diferente. O máximo de pessoal possível deve ser liberado para realizar trabalho home office ou férias.

O Comando Nacional dos Bancários classificou como irresponsável o anúncio, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de concessão de auxílio aos autônomos e informais sem que haja regras definidas para os procedimentos a serem realizados, sem a definição exata do público que será beneficiado e sem preparar a estrutura de atendimento. “É no mínimo uma irresponsabilidade, pois isso aumentou a demanda nas agências da Caixa, sem necessidade, criticou Juvandia. Nesta quinta-feira, houve correria às agências de bancos públicos, principalmente da Caixa. As pessoas queriam sacar o benefício, mas isso acabou gerando aglomeração e aumentando ainda mais o risco a que os trabalhadores estão expostos.

Juvandia criticou ainda a proposta pelo governo por achar insuficientes tanto pelas ações a serem realizadas, quanto pelo público a ser atendido. “As centrais sindicais elaboraram e apresentaram ao Congresso uma proposta que vai garantir a subsistência das pessoas que estão ou ficarão desempregadas por causa da epidemia”, disse, se referindo à proposta entregue pelas centrais sindicais ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na última terça (17).


Com informações da Contraf-CUT e do Sindicato dos Bancários de São Paulo


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