Postura do Santander Brasil na pandemia é denunciada ao mundo pela ‘Bloomberg’
Agência de notícias relata retorno acelerado aos locais de trabalho; bancários denunciam meta para venda de maquininhas de cartão com riscos para todos
Publicado 20/08/2020 - 16h04
São Paulo – O Santander Brasil virou manchete de uma das maiores agências de notícias de economia do mundo, a Bloomberg. Mas o banco não tem razão para se orgulhar disso. Reportagem da última terça-feira (18) denuncia a estratégia adotada pelo banco espanhol no Brasil, de acelerar a volta do trabalho em seus departamentos. A medida, ressalta a reportagem da Bloomberg, coloca bancários e população em risco. E não está sendo adotada em nenhum lugar do mundo, nem por outros bancos brasileiros. “Em um país onde o número de infecções causadas pela covid-19 aumentou em 1 milhão apenas no mês passado, um dos seus maiores bancos promove retorno em massa ao escritório”, informa a agência.
• Trabalhadores denunciam pressão no Santander: ‘Pior banco para se trabalhar’
Cerca de 60% dos funcionários administrativos do Santander Brasil deixaram o home office e retomaram o trabalho in loco. A Bloomberg explica, ainda, que os bancos concorrentes no país mantiveram a maioria dos bancários de escritório em casa. “O Santander adotou uma abordagem totalmente diferente do restante do setor bancário, que não tem pedido aos funcionários que voltem ao escritório”, critica a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. A dirigente é uma das coordenadoras do Comando Nacional da categoria. Os trabalhadores estão em processo de negociação com a federação dos bancos para a campanha salarial deste ano. Regulamentar o teletrabalho é um dos temas da pauta de reivindicações.
Ainda é cedo
“A maioria dos grandes bancos dos Estados Unidos tem afirmado a investidores que ainda é muito cedo para oferecer um cronograma detalhado para retorno ao escritório”, compara a Bloomberg em sua reportagem sobre o Santander. “O Citigroup disse que é provável que menos da metade da força de trabalho retorne antes que uma vacina contra o coronavírus seja desenvolvida, enquanto o Bank of America tem menos de 15% dos funcionários trabalhando em escritórios”, informa em outro trecho.•
• Contraf-CUT: Bloomberg mostra ao mundo o desrespeito do Santander com os brasileiros
“Mesmo em comparação com os rivais brasileiros, o Santander se destaca. O Itaú Unibanco informou que 97% de seus colaboradores da administração central, centrais de atendimento e agências digitais trabalham de forma remota. Com 55 mil pessoas habilitadas para home office, segundo uma apresentação de resultados. O banco anunciou na semana passada que adiará o retorno aos escritórios até janeiro”, continua a Bloomberg. Já o Bradesco, relata, mantém 94% dos funcionários da matriz e demais departamentos administrativos trabalhando remotamente.
Risco nas ruas
O retorno ao trabalho presencial no entanto, é apenas uma das medidas adotadas pelo Santander no Brasil que coloca em risco funcionários e população. O secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia, denuncia: na terça e quarta-feira (18 e 19), o banco colocou bancários das agências nas ruas para vender maquininhas de cartão.
“Cada gerente teria de vender três aparelhos a cada dia. Neste momento de pandemia, quando todas as atividades comerciais estão sofrendo restrição, esta ação do banco é uma afronta ao que as autoridades estão determinando. O banco deveria ser autuado e multado por ter colocado seus funcionários e a população em risco”, afirma o dirigente sindical. “Podemos aceitar que os bancários trabalhem em plena pandemia para realizar os serviços essenciais. Mas, qual é a essencialidade da venda de maquininhas de cartão de crédito?”, questiona.
Para denunciar o Santander Brasil, os bancários têm realizado atividades de protestos, projeções em prédios e mobilização nas redes sociais usando a hashtag #SantanderRespeiteOBrasil. O assunto já figurou, por mais de uma vez, entre os mais comentados nas redes sociais. “Tentamos negociar com o banco”, diz Raia. “Mas, infelizmente, a direção do Santander somente nos ouve quando conseguimos mostrar para a sociedade as barbaridades que cometem contra seus funcionários e contra a sociedade”, lamenta o dirigente sindical.
Com informações da Contraf-CUT
Redação RBA: Cláudia Motta