Sem segurança

FUP: Petrobras negligencia condições de saúde e trabalho nas unidades

Segundo a estatal, até a última sexta-feira (24), eram 1.124 os casos de trabalhadores com sintomas da covid-19, dos quais 184 confirmados e 9 hospitalizados

Divulgação/Petrobras
Divulgação/Petrobras
Trabalhadores mantêm plataformas, refinarias e terminais em operaçáo, e empresa tem que viabilizar a testagem em massa, diz FUP

São Paulo – Após reunião com o grupo de Estrutura Organizacional de Resposta da Petrobras, a empresa a informou a representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) que, até a última sexta-feira (24), eram 1.124 os casos de trabalhadores com sintomas da covid-19, dos quais 184 confirmados e nove hospitalizados. A categoria cobrou medidas que considera fundamentais no enfrentamento da pandemia.

Os petroleiros querem que a estatal assuma a responsabilidade pela segurança diante da pandemia. Segundo Fernando Maia, diretor da FUP e do Sindipetro no Rio Grande do Sul, a empresa afirmou na reunião ter comprado “alguns” testes rápidos para aplicar nos trabalhadores. “E não atendeu nossa demanda de fazer testagem em massa daqueles que embarcam nas plataformas e dos que têm a necessidade de manter a operação.”

Na semana passada, a Petrobras informou, em nota, ter entregue o segundo lote de 300 mil testes para diagnóstico da covid-19, dos quais 200 mil foram doados ao Ministério da Saúde e 100 mil à Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. Os testes fazem parte dos 600 mil testes encomendados dos Estados Unidos em março, segundo a empresa. O primeiro foi entregue no início deste mês.

Maia afirmou que cobrou “fortemente” a testagem em massa dos trabalhadores. “Temos o compromisso de manutenção do atendimento da população e de manter a indústria funcionando, desde plataformas, refinarias e terminais. Por isso, a empresa tem que viabilizar a testagem em massa, para garantir a mínima contaminação.”

A companhia “continua negligenciando as condições de saúde e trabalho nas unidades”, disse o dirigente. A FUP cobra da empresa a adequação de pessoas de grupos de risco e condições de trabalho seguras. Segundo a federação, a Petrobras tem, identificados, os casos desses trabalhadores, mas eles continuam trabalhando. “A entidade quer que a companhia coloque essas pessoas em isolamento”, afirmou o dirigente.

Outra reivindicação é relativa aos trabalhadores terceirizados. De acordo com a FUP, a Petrobras não assumiu a responsabilidade sobre esses eles, deixando que as empresas do sistema atuem na garantia da segurança desses trabalhadores. “No entanto, o que estamos vendo é que as terceirizadas, quando têm redução de demanda de mão de obra, a primeira que fazem é demitir.”

Os petroleiros cobram também que a estatal apresente procedimentos relativos ao retorno das pessoas que se contaminaram, para evirar riscos de contaminação de colegas.

Maia destacou que a Petrobras tem responsabilidade de garantir a segurança e a empregabilidade desses trabalhadores. “Afinal, é a tomadora de serviços.”

Ele disse ainda que, indiferente às dificuldades pelas quais passam os pensionistas, a empresa já encaminhou os boleto de cobrança relativos ao plano de saúde Assistência Médica Supletiva (AMS). “É um absurdo, num momento de grande contaminação, expor pensionistas, que invariavelmente têm mais idade, a ir a banco ou a lotéricas para efetuar o pagamento.”

Há 10 dias, a Petrobras informou que, com os boletos, iniciaria “uma mudança importante” na rotina desses pagamentos, o que, segundo a empresa, traria “maior transparência e agilidade na relação com os beneficiários”. Até então, a cobrança do plano de saúde de pensionistas e aposentados era feita por meio de desconto no contracheque.

De acordo com o dirigente, antes da reunião a FUP apresentou um boletim informativo do que seria pautado na reunião. “A empresa não nos respondeu, não tem atuação para atender as demandas.”

Fernando Maia acrescentou que os petroleiros continuarão participando das reuniões para manter a interlocução, mas a estatal não tem interesse concreto em negociar. “Desde o início de criação do grupo de Estrutura Organizacional e Resposta, demandamos que houvesse representação dos trabalhadores nas comissões locais, mas até agora ela não atendeu.”