Protestos

‘Alckmin quer apagar o fogo com gasolina’, diz líder dos metroviários de São Paulo

Para Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do sindicato, repressão do governo estadual à greve faz com que categoria conquiste adesão de movimentos sociais

Mariana Topfstedt/Sigmapress/Folhapress

Durante a manhã, Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada para reprimir grevistas na estação Ana Rosa

São Paulo – O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Júnior, afirmou hoje (9), durante ato no centro da capital paulista, que a greve iniciada há cinco dias foi fortalecida após forte repressão policial nos atos de hoje e de sexta-feira (6). “Alckmin quer apagar o fogo jogando gasolina. Isso só fortalece nossa mobilização”, disse.

O protesto desta segunda-feira teve o apoio de pelo menos quatro organizações sindicais, movimentos sociais e partidos políticos. O ato começou por volta das 7h, na estação Ana Rosa, na Linha 1-Azul, quando houve repressão promovida por policiais da Tropa de Choque. Pelo menos 500 pessoas seguiram em marcha até a Praça da Sé e pararam na rua Boa Vista, exigindo negociação com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Oficiais do choque acompanharam o protesto, com forte aparato de segurança e os prédios comerciais da rua tiveram as portas fechadas.

Se não houver negociação, os funcionários do Metrô prometem realizar novo ato amanhã (10), às 5h, na estação de trem de Santo André. Segundo o membro do conselho fiscal do sindicato, Raimundo Cordeiro, os metroviários ainda estão abertos para negociar a abertura das catracas como alternativa à greve.

“A repressão só eleva o sentimento de enfrentamento, como ocorreu nas manifestações de junho do ano passado”, disse o presidente do sindicato. “Até as TVs tiveram que dizer que a população nos apoia.” O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), PSTU e o movimento Juntos! se uniram aos metroviários no ato de hoje.

“Estamos aqui porque a pauta dos trabalhadores do Metrô é uma luta de todos. Nós também estamos aproveitando a visibilidade da Copa do Mundo para dar vazão às nossas pautas”, disse Claudia Garcez, coordenadora da Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, ligada ao MTST.

Durante a manhã, a Tropa de Choque disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes que interditaram a rua Vergueiro, próximo à estação Ana Rosa, na zona sul. Os policiais bloquearam a entrada da estação e detiveram 13 metroviários, que foram encaminhados para o 26º Distrito Policial, no Sacomã, e liberados por volta das 14h.

Na sexta-feira, a direção da Companhia do Metropolitano (Metrô) acionou a Polícia Militar para reprimir pelo menos 100 trabalhadores que organizavam piquete também na estação Ana Rosa. Às 6h30, a Tropa de Choque ocupou o mezanino, reprimindo os grevistas, com o uso de bombas, gás lacrimogêneo e cassetetes. Três policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) prenderam um metroviário.

No ato de hoje, a direção do sindicato recebeu a informação que pelo menos quatro das 60 demissões anunciadas pelo secretário de Transportes Metropolitanos do estado, Jurandir Fernandes, foram confirmadas. A primeira delas foi de um funcionário da estação Santa Cruz, na Linha 1-Azul, que recebeu um telegrama avisando do desligamento. O sindicato exige a readmissão dos trabalhadores, além do reajuste salarial de 12,2%, para retomarem as atividades.

Ontem, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região considerou a paralisação abusiva e fixou em 8,7% o reajuste salarial dos metroviários. O mesmo índice valerá para os reajustes do vale-refeição e do vale-alimentação. Pela decisão, a continuidade do movimento custará multa de R$ 500 mil por dia ao sindicato. “No nosso entendimento, o julgamento da Justiça do Trabalho, que deve ser imparcial, só fortalece a decisão do Metrô de demitir os trabalhadores”, lamentou Cordeiro.

Os metroviários realizam assembleia hoje, às 18h, na sede do sindicato, no Tatuapé, zona leste da capital.