'batalha'

Professor colombiano diz que movimento sindical precisa ocupar espaços na rede social

'A luta é pelo mercado da opinião pública', afirmou Rincón, durante seminário promovido pela CUT de São Paulo, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo

roberto parizotti/cut

Rincón: “Redes se tornam ativismo instantâneo, e sindicalistas precisam usar essa ferramenta para mobilização”

São Bernardo do Campo (SP) – “É necessário ocupar o espaço de rede. E se há uma instituição que está longe disso, é o sindicalismo”, diz o professor Omar Rincón, representante da Fundação Friedrich Ebert na Colômbia, ao propor um debate sobre a necessidade de os movimentos sociais inserirem linguagem para se comunicar especialmente com os jovens. “A luta é pelo ‘mercado’ da opinião pública”, afirmou Rincón, durante seminário promovido pela CUT de São Paulo, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Segundo Rincón, trata-se de uma batalha que envolve hegemonia política.

Para ele, essa “batalha” se disputa hoje em dois campos, o das redes sociais e o da legislação, em um momento em que mídia e jornalistas se tornam atores políticos. Ao movimento sindical fica o desafio de atingir a sociedade. “A crise do sistema financeiro era anunciada pelos sindicatos há 20 anos.” Assim, as redes se tornam um “ativismo instantâneo”, e os sindicalistas precisam usar essa ferramenta para mobilização.

O professor também destacou a linguagem utilizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em seus pronunciamentos prioriza as soluções e os resultados, não os problemas. Assim, passa do “pessimismo à esperança”.

Rincón cita experiências recentes na América Latina, como o Fora do Eixo (Brasil), as manifestações de estudantes do Chile por educação gratuita, com o uso do que ele chama de “cultura pop”, além de movimentos no México, no Uruguai e na própria Colômbia. Acredita que também falta a alguns movimentos “voltar a ser jovem”.

Para Conceição de Oliveira, do blog Maria Frô, o país vive uma “disputa de narrativas”, com a existência, no Brasil, de um latifúndio na comunicação maior do que o do setor rural. “A imprensa não quer ser o poder, quer ser o Estado brasileiro.” Segundo ela, há uma “perda da função social do jornalismo tradicional, que hoje praticamente só faz política, e má política”.

As críticas também dirigem-se à postura do governo. “É escandalosa a política da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) de financiamento dessa mídia. Não há nenhuma vontade política de mudanças.”

O coordenador da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, destaca que é preciso “aumentar a consciência, entre nós, sobre a importância estratégica da comunicação”. “O grande desafio é a produção de conteúdo”, afirma.