Servidores: CUT vê ‘clima de greve geral’ e governo aponta ‘cenário desfavorável’

Brasília – O governo se prepara para convocar os representantes do funcionalismo para uma reunião na semana que vem, mas um de seus representantes vê um “cenário desfavorável, muito restritivo”. […]

Brasília – O governo se prepara para convocar os representantes do funcionalismo para uma reunião na semana que vem, mas um de seus representantes vê um “cenário desfavorável, muito restritivo”. Ou seja, pessimista quanto às possibilidades de uma proposta que satisfaça a categoria e ponha fim à greve no setor público. O secretário de Administração e Finanças da CUT, Quintino Severo, avalia que a tendência é de que o movimento continue crescendo. “Há um clima de greve geral no Brasil. Essa tendência é muito forte”, afirma.

Para o dirigente, o governo deixou que a situação piorasse por falta de exercício do diálogo e da negociação. E tudo piorou com a edição do Decreto 7.777, que permite a substituição de grevistas federais por servidores públicos estaduais ou municipais. Quintino chama o decreto de “indecente”, fazendo trocadilho com a conferência sobre trabalho decente que está sendo realizada em Brasília e termina amanhã. “É contraditório com a conferência”, acrescenta. “O governo está preocupado com a essencialidade dos serviços. Não é uma situação tranquila. O governo tem de garantir a prestação dos serviços”, diz um representante do Executivo. “Mas é claro que isso soou como uma declaração de guerra.”

Um dos principais problemas, avalia esse representante, é a diferença de salários no funcionalismo. “Isso torna o tratamento da pauta muito mais difícil. Essa é a dinâmica das demandas: querer ganhar o que o outro ganha, que é muito mais.”

Segundo Quintino, este é o momento de o governo apresentar não só um calendário de negociação, mas de reajuste. E a possibilidade de apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pedido da presidenta Dilma Rousseff, conforme noticiou hoje (10) o jornal Valor Econômico, não é bem vista pelo sindicalista. “O governo é que tem de se resolver. Por mais carismo e carinho que o Lula tenha, o intermediário tem de ser do governo. Isso pode ser um tiro no pé e criar mais acirramento.”

Em nota, a assessoria de comunicação do Instituto Lula informou que “nem o governo federal, nem a Central Única dos Trabalhadores requisitaram ajuda ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para mediação com os sindicatos. A negociação entre o executivo federal e o funcionalismo é de responsabilidade dos devidos representantes do governo e dos servidores”.

Caso o impasse permaneça, dois dirigentes da CUT afirmam que a entidade permanecerá ao lado dos grevistas: “Não vamos perder nossa base”. Um deles acrescenta: “O governo não pode desprezar sua base social”.