Postura dos Correios com a greve é ‘lamentável’, diz federação

Estatal mantém decisão de negociar somente após o fim da paralisação, que está no 13º dia. Governo afirma que os dias parados serão descontados

Trabalhadores dos Correios em greve fazem passeata pelo centro de São Paulo (Foto: Fentect/divulgação)

São Paulo – A intransigência dos Correios na condução das negociações é “lamentável”, afirmou Maximiliano Velazques, do comando de mobilização da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), em entrevista nesta segunda-feira (26) à Rádio Brasil Atual. A empresa rejeitou a contraproposta dos trabalhadores, antes mesmo que ela fosse protocolada, na sexta (23). Em greve há 13 dias, a categoria aguarda a reabertura das negociações.

Na contraproposta, a Fentect diminuiu o valor do pedido de aumento real (de R$ 400, na proposta inicial, para R$ 200) na tentativa de reabrir a negociação. “Não foi fácil chegar a este consenso porque estamos com um déficit muito grande e temos condições de trabalho muito ruins”, disse Velazques. “Aí a empresa vem e insiste nas mesmas propostas já apresentadas lá atras. É muito lamentável e mostra que eles não querem negociar”, criticou.

A proposta patronal prevê reajuste de 6,87% mais aumento real de R$ 50 a ser pago em janeiro de 2012 e abono de R$ 800. A categoria exige, no entanto, a reposição da inflação, correspondente a 7,16% e o aumento do piso salarial de R$ 807 para R$ 1.635, além de reajuste de 24,76%, referente a perdas acumuladas entre 1994 e 2010, aumento real de R$ 200, vale-refeição de R$ 28 e a contratação imediata de todos os aprovados no último concurso público dos Correios.

Segundo a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a contraproposta apresentada “está acima das possibilidades orçamentárias da empresa” e “inviabilizaria a sustentabilidade” da estatal, com impacto de R$ 4,3 bilhões na folha de pagamento. Segundo eles, representaria acréscimo de 70% no custo anual da folha, elevando a despesa com pessoal para 80%. A empresa anunciou a contratação de 6.074 novos funcionários.

Cerca de 10 mil grevistas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Similares de São Paulo, reuniram-se na capital paulista na sexta (23) e fizeram passeata para pressionar a empresa. Outras passeatas foram realizadas pelo país.

Em nota, a Fentect aproveitou para apoiar a paralisação nacional dos bancários, que aprovaram greve a partir desta terça-feira (27). “Nesse sentido, ressaltamos a importância do fortalecimento de nossa paralisação”, pontuou.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse nesta segunda que os Correios não negociarão com os trabalhadores em greve o pagamento dos dias parados. Segundo o ministro, quase 80% da categoria já retornou às atividades normais. A Fentect garante que, de acordo com o último balanço, pelos menos 75% dos 107.940 trabalhadores aderiram à paralisação.

“A notícia que eu tenho é que aproximadamente 18% dos trabalhadores estão em greve. Lamentamos. Fizemos uma proposta que a categoria aceitaria [desde que fossem feitas algumas alterações], mas os trabalhadores querem que paguemos os dias parados, e isso nós não temos condições de fazer”, disse Paulo Bernardo.

Segundo o ministro, a direção dos Correios pode descontar os dias parados de forma parcelada a fim de amenizar a situação dos grevistas.

Com informações da Agência Brasil