No semestre, comércio não teve reajuste abaixo da inflação, e indústria manteve ritmo

Balanço das negociações salariais dos seis primeiros meses de 2011 mostra ganho real para a maior parte das categorias de todos os setores da economia

São Paulo – Entre os setores econômicos pesquisados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o comércio apresentou melhor resultado no primeiro semestre. De 44 acordos, 97,7% foram fechados com reajustes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE), parcela equivalente à de 2010 e bem superior à dos dois anos anteriores (81,8%, tanto em 2008 como em 2009). Nenhuma categoria do setor teve aumento menor do que a inflação, e 2,3% receberam reajuste equivalente ao índice.

Na indústria, com 161 acordos, também foi mantido o nível de 2010, com ligeira elevação: de 86,3% para 87% de reajustes acima da inflação. Outros 9,9% empataram com o INPC e 3,1% ficaram abaixo, ante 2,5% no ano passado. De acordo com o Dieese, aumentou o número de ganhos reais nos setores têxtil, de construção civil e da alimentação. No segmento de construção e mobiliário, particulamente, todos os 42 acordos analisados superaram o índice de aumento de preços.

No setor de serviços (148 acordos), o total de reajustes com aumento real caiu de 83,8% para 77,7%, enquanto 12,8% das negociações ficaram abaixo do INPC (em 2010, 5,4% das negociações enquadrou-se nessa condição) e 9,5% igualaram o índice (10,8% no ano passado). Mesmo assim, foi o segundo maior índice de aumentos reais desde 2008.

O aumento real médio no primeiro semestre foi de 1,37%, atingindo 1,56% no comércio, 1,49% na indústria e 1,19% nos serviços.

“Houve certo homogeneidade no crescimento da economia. Os ganhos reais se distribuem por todas as regiões”, observa o técnico do Dieese José Silvestre Prado de Oliveira. No Sudeste, que concentra a maior parte dos acordos (132), 85,6% ficaram acima do INPC. O maior percentual foi do Centro-Oeste (97%), onde foram analisados 33 reajustes.

Segundo o levantamento, também se manteve o padrão de pagamentos de uma só vez (94%), embora o número de reajustes parcelados tenha aumentado de 3,7%, em 2010, para 6%. Houve também pequena alta nos reajustes com escalonamento (conforme a faixa salarial), de 16,7% para 18,7%.