Após incêndio em canteiro de obras de Jirau, 10 mil trabalhadores ficam desalojados

São Paulo – O número de trabalhadores desabrigados na usina hidrelétrica de Jirau, a 130 quilômetros de Porto Velho (RO), após incêndio nos alojamentos, chega a 10 mil, segundo o […]

São Paulo – O número de trabalhadores desabrigados na usina hidrelétrica de Jirau, a 130 quilômetros de Porto Velho (RO), após incêndio nos alojamentos, chega a 10 mil, segundo o governo de Rondônia. Os protestos iniciaram-se na terça-feira (15) e se intensificaram na quinta (17). Além das construções, carros e ônibus foram alvos. Por causa dos incidentes, a empreiteira Camargo Corrêa decidiu suspender as obras da hidrelétrica.

A decisão de retirar os funcionários do local foi da construtora, mas os 19 mil contratados não tiveram um destino definido. Parte dos ônibus prometidos para levá-los do local não teria sido garantida pela empresa. Um grupo de trabalhadores chegou a realizar um protesto na BR-364, na altura de Jaci Paraná, interditando o tráfego com pedras. A via foi desobstruída pela polícia.

Segundo o capitão Marcos Freire, da Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia, um dos canteiros da usina foi totalmente destruído. Cerca de 300 homens da Força Nacional deslocaram-se ao local nesta sexta-feira (18), para reforçar a segurança. Não há registro de conflitos desde a chegada da Força Nacional, ainda segundo o órgão. Antes, ocorreram prisões 31 prisões, 12 em flagrante.

Os protestos começaram por conta de uma briga entre um motorista de ônibus e um dos operários, segundo a Secretaria de Segurança. No primeiro confronto, 40 veículos foram incendiados e algumas instalações do canteiro de obras foram depredadas.

“A Camargo Corrêa tem de ver o que vai fazer, e dar destino a essas pessoas. Eles (a construtora) nos garantiram que até domingo (20) vão despachar boa parte desses funcionários para suas cidades de origem”, informou à Agência Brasil o assessor da Secretaria de Segurança, Santiago Roa Junior.

Em nota nesta sexta, a Força Sindical propôs a criação de uma comissão constituída por representantes do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, das centrais sindicais e dos sindicatos para visitar as obras. As condições oferecidas pela Camargo Corrêa são descritas como “graves”, a partir de relatos dos funcionários.

Justiça do Trabalho

Em função das denúncias, a Justiça do Trabalho instalou uma vara itinerante no canteiro de obras. O objetivo é apurar problemas trabalhistas. Os operários estão insatisfeitos com a truculência de motoristas, seguranças e encarregados e pedem melhores condições de trabalho.

A instalação de uma vara itinerante foi sugestão do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Oreste Dalazen, acatada pela presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Rondônia e Acre), Vânia Maria da Rocha Abensur. Um ônibus, equipado com computadores, servidores e magistrados, será levado ao local.

Devem ser analisadas pela vara itinerante da Justiça do Trabalho algumas reclamações, como problemas nos contratos, corte no pagamento de horas extras pela construtora Camargo Corrêa e o baixo valor da cesta básica oferecida pela empreiteira.

A empresa nega que os atos de vandalismo tenham qualquer relação com reivindicações trabalhistas e afirma que, até o momento, nenhuma reclamação do tipo foi levada ao seu conhecimento. A construtora afirma ainda que irá apurar as denúncias de truculência.

Com informações da Agência Brasil