Economia solidária: outra forma de produzir é possível

Leocilia da Copescarte (Foto: Roberto Parizotti) São Paulo – Percorrer os estandes do Conexão Solidária – 1ª Mostra Nacional de Comercialização de Produtos e Serviços da Economia Solidária é constatar […]

Leocilia da Copescarte (Foto: Roberto Parizotti)

São Paulo – Percorrer os estandes do Conexão Solidária – 1ª Mostra Nacional de Comercialização de Produtos e Serviços da Economia Solidária é constatar que outra forma de produzir é possível. A exposição, que está acontecendo em São Paulo desde quarta-feira (28) e segue até sábado (31), revela o potencial criativo do trabalhador em várias áreas: das rendas e bordados; da cestaria e da cerâmica; de roupas e acessórios; a fogões a lenha, panelas e peças e maquinários industriais.

Entre os expositores, há convicção de que o caminho da economia solidária é o correto. Há a consciência de se produzir respeitando o meio ambiente e os parceiros de empreitada. E há a esperança de conseguir fazer com que o seu trabalho “ganhe o mundo” e possa ser comercializado em larga escala.

Lado a lado na feira – que acontece no Centro de Exposições Imigrantes – chamam a atenção os estandes da Associação Arts-Fish de Mundo Novo (Mato Grosso do Sul) e da Copescarte (Cooperativa das Trabalhadoras Autônomas da Pesca e Acessórios Artesanais), de Antonina (litoral do Paraná). Ambos produzem bolsas, cintos e acessórios feitos com couro de peixe.

Amália dos Santos Correia, da Arts-Fish, conta que a Associação nasceu em 2005, por iniciativa das mulheres de trabalhadores de outra cooperativa, de piscicultores da cidade. Donas-de-casa que ajudavam os maridos na limpeza e no corte em filé das tilápias, tiveram a idéia de aproveitar o couro para produzir peças artesanais. “Fizemos cursos, com apoio da prefeitura e da Secretaria Especial da Pesca, e a nossa cabeça abriu”, garante Amália, mostrando as bolsas, carteiras, chaveiros e outros acessórios produzidos pela Associação.

Com a Copescarte, a idéia de usar o couro de peixes do mar surgiu em função das dificuldades diárias que as mulheres enfrentam. São 21 “marisqueiras”, que tentavam sobreviver “catando” siris. “Mas o mercado paga apenas R$ 2 por quilo da carne. E para conseguir um quilo, é preciso de 80 siris”, conta a presidente da cooperativa, a amazonense Leocília Silva. Ela, que é bióloga, foi para o Paraná para fazer curso de mestrado. E desenvolveu técnica para o curtimento de peles marinhas. “Me encantei com a cidade de Antonina, resolvi ficar e me unir às marisqueiras para criar a cooperativa”, diz. A Copescarte, além de produtos com o couro, produz também peças com escamas, como flores, brincos e quadros.

As representantes dos dois empreendimentos revelam, porém, a dificuldade comum: comercializar os produtos. Ambas dizem que feiras nacionais de artesanato têm sido a única oportunidade para vender mais, porque nas duas cidades não há consumidores para seus produtos. E depositam no Conexão Solidária a esperança de poder ganhar mercados mais permanentes para o escoamento de sua produção.

O Conexão é promovido pela Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS) da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O evento, que é aberto ao público, teve início na quarta-feira (28) e segue até sábado (31), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Além da exposição dos empreendedores, a ADS está promovendo no evento rodadas de negócios entre empresários e empreendedores, além de seminários e oficinas para debater o incremento da economia solidária.

A partir do Conexão, a ADS vai colocar em prática um antigo projeto: o de viabilizar uma central permanente de comercialização dos empreendimentos solidários. O prédio para abrigar a central, em São Paulo, já foi adquirido e passa por reformas. Ainda não há data para a sua inauguração.

Mais informações sobre o evento podem ser acessadas no site do evento.