Falta de atenção é maior causa de acidentes na construção, aponta pesquisa

Presidente do sindicato da categoria em SP espera que o estudo desperte mais conscientização nos empresários

Em 2009, já morreram 12 operários nas construções de São Paulo (Foto: Arquivo do SintraconSP)

A falta de atenção é a maior causa dos acidentes de trabalho (73,39%) na indústria da construção civil, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Ensino e Cultura para o sindicato da categoria em São Paulo (SintraconSP) com a participação de 659 trabalhadores.

Figuram na lista das causas também a falta do uso de equipamentos (7,49%), falta de proteção (7,22%) e o descuido dos gestores de obras (2,41%), que, juntos, correspondem a 17,12% das ocorrências.

Segundo o presidente do sindicato, Antonio de Sousa Ramalho, por conta da falta de consciência e de práticas de prevenção é preciso que se reveja as políticas para a prevenção de acidentes.

O sindicalista acredita que o resultado da pesquisa servirá como indicador para ações de prevenção e para gerar mais conscientização dos empresários. 

Diminuir acidente, para Ramalho, é conseqüência de luta sem trégua. “Em 1995, nosso sindicato registrou 138 mortes nos canteiros de obras. Arregaçamos as mangas. Realizamos a Operação Caça-Gato. Ficamos em cima de toda e qualquer irregularidade. E deu certo. O número foi caindo. Em 2008, houve sete óbitos. Este ano aumentou para 12, acendendo a luz amarela”, observou.

O estudo mostra que também são decisivos para definir o grau de acidentes o tempo gasto para o trabalhador chegar ao local de trabalho; alimentação; horas de sono diárias; consumo de bebidas alcoólicas; e aspectos emocionais.

Pesam também para definir o quadro a qualidade dos treinamentos de segurança; do equipamento fornecido ao trabalhador; do projeto e planejamento da obra; dos materiais utilizados; e da gestão.

Das respostas obtidas quanto às partes do corpo atingidas nos acidentes, as mãos aparecem com maior frequência, 19,64%; seguidas das pernas, com 16,07%; das costas (12,50%), bem como dos braços e dedos (10,71%). 

Dentre o período de afastamento obtido, a maior incidência é de mais de dois meses, com 34,54%, seguida de oito a 15 dias, com 18,18%.