Dilma garante participação das centrais em conselho sobre indústria

Presidenta faz aparição surpresa em reunião de sindicalistas, admite erro e acalma dirigentes

Dilma e os representantes das centrais sindicais conversaram sobre o Plano Brasil Maior (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – As centrais sindicais participarão do sistema de gestão do Plano Brasil Maior, como membros dos conselhos de competitividade setorial criados por decreto presidencial. Foi o que garantiu nesta quinta-feira (4) a presidenta Dilma Rouseff. Após uma série de reclamações de dirigentes, que se sentiram preteridos da discussão e boicotaram o lançamento do plano, ela apareceu de surpresa em reunião das centrais na Secretaria Geral da Presidência. Segundo os sindicalistas, ela pediu desculpas e garantiu que haverá diálogo. 

Para eles, faltaram detalhamento e debate sobre questões relacionadas à desoneração da folha de pagamento dos setores têxtil, calçadista, moveleiro e de softwares, além de não contemplar soluções diretas para o emprego. Previsto no Decreto 7.540, do dia 2, o sistema de operação do Plano terá como base 25 conselhos (de competitividade setorial), incluindo do setor automotivo. Essa câmara tripartite com trabalhadores, governo e empresários será mediada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial. Será criada também uma agenda para a aprovação dos programas do Brasil Maior, acompanhamento das metas e sugestões de ajustes.

Na reunião, que teve a presença dos ministros Guido Mantega (Fazenda),  Garibaldi Alves (Previdência Social) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Dilma admitiu que o governo errou em não ouvir as centrais antes de anunciar o plano. “Se houve um equívoco nosso foi não falarmos com vocês antes. Mas que fique bem claro que não falamos com os outros”, garantiu. “Falamos com os empresários só no dia seguinte. Temos compromisso específico com as centrais sindicais. Onde tiver (representantes dos) empresários tem de ter (representantes) de vocês também.”

A presidenta lembrou também da crise internacional e a comparou a uma “doença crônica” e ressaltou que as medidas do pacote têm intenção de contornar o cenário. “Temos de ficar atentos, ir melhorando o que foi lançado (o Plano Brasil Maior). E ficar rouco de tanto escutar. E uma parte estratégica é ouvir o que vocês têm a dizer. Vamos consultar vocês, vocês têm de ajudar a gente a inventar novas medidas, tem muitas coisas que vocês sabem que nós não sabemos”.

Para Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a conversa com a presidenta foi “produtiva” por atender aos pedidos que os metalúrgicos vinham fazendo em manifestações. “A presidenta reafirmou a nós seu compromisso com a produção e com emprego. Acho que o movimento sindical sai daqui (da reunião) satisfeito com o que viu”, disse o dirigente.

De acordo com o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), “a presidenta garantiu mudança na relação com as centrais”. Durante a audiência, os sindicalistas reivindicaram participação mais ativa na elaboração das políticas industriais, como o Brasil Maior, e também em outras questões. “Nós queremos que esse tipo de discussão tenha paridade entre trabalhadores, empresários e governo.”

O secretário nacional de Finanças da CUT, Vagner Freitas, ressaltou a importância da participação de Dilma na reunião. “Ela afirmou ter compromisso com a industrialização do Brasil e querer que o país tenha a indústria forte”, pontuou. Outros itens incluídos no Brasil Maior foram debatidos no encontro, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mudanças no Supersimples e questões referentes à Previdência.