Dilma descarta crise no Ministério do Trabalho

Na solenidade, a presidenta Dilma afirmou que as denúncias nem prejudicam o governo, nem permitem enxergar sinais de instabilidades (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil) São Paulo – A presidenta […]

Na solenidade, a presidenta Dilma afirmou que as denúncias nem prejudicam o governo, nem permitem enxergar sinais de instabilidades (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff não vê crise no Ministério do Trabalho e Emprego. Ela ironizou nesta quinta-feira (10) a pergunta de jornalistas sobre o tema, cinco dias depois da divulgação de acusações contra integrantes da pasta, incluindo seu titular, Carlos Lupi. Ao dizer que “o passado simplesmente passou”, Dilma deixou claro que considera superada qualquer tensão relacionada a declarações de Lupi de que ele só deixaria o cargo se fosse abatido “a bala”.

“Que crise no Ministério do Trabalho?”, afirmou, ao ser questionada após a solenidade de sanção do reajuste nas faixas da tabela do Supersimples. Para ela, as denúncias nem prejudicam o governo nem permitem enxergar sinais de instabilidades.

Na terça-feira (8), Lupi disse, em tom desafiador durante entrevista coletiva, que permaneceria no cargo e que tinha confiança total de Dilma. Afirmou ainda que precisaria ser “abatido a bala” para deixar o posto. Circularam rumores de que a presidenta havia ficado insatisfeita com o tom das declarações. Uma reunião entre o ministro e Dilma ocorreu na quarta-feira (9).

Ao participar de sessão da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (10), Lupi pediu desculpas públicas à presidenta. Além de dizer que não pretendeu desafiar sua autoridade – mas apenas aos acusadores a apresentar provas – ele ainda se declarou: “Presidente Dilma, me desculpe, eu te amo”.

Na mira

A suspeita divulgada é de que haveria um esquema de cobrança de propina envolvendo convênios com ONGs e a pasta. No sábado (5), Lupi divulgou nota na qual informou o afastamento do assessor especial e coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, e o pedido de providências para investigar o caso. Na segunda-feira (7), o ministro desqualificou as organizações ouvidas.

Ele rechaçou a hipótese de ser “a bola da vez” na investida da velha mídia contra ministros do governo Dilma. Desde junho, seis membros do primeiro escalão da gestão deixaram seus postos – cinco deles após acusações de corrupção ou irregularidades envolvendo as pastas por eles comandadas.

Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Dias (Esporte) caíram nesse contexto. Nelson Jobim (Defesa) foi o único a deixar o posto por desgaste político. Uma reforma ministerial é esperada para o início de 2012, em função das eleições municipais e de eventuais insatisfações de Dilma com a condução do governo.

A decisão de ir à Câmara apresentar esclarecimentos sobre as acusações que cercam o ministério segue o roteiro de outros dos acusados, que terminaram por cair. Rossi, Novais e Orlando Silva compareceram diante de deputados, mas acabaram por deixar o governo. Nascimento chegou a agendar sua ida, mas renunciou antes e faltou à audiência.