Sem declarar amor a Dilma, Bernardo descarta crítica a Lupi

Ministro do Trabalho é alvo de escalada de denúncias e, por ter se excedido, pediu desculpas e declarou-se à presidenta

Paulo Bernardo respondeu que não achou deselegante a postura de Lupi ao se declarar para a presidenta (Foto: Antonio Cruz/ Arquivo Agência Brasil)

São Paulo – O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, evitou emitir juízo sobre a declaração de amor do colega do Trabalho, Carlos Lupi, a Dilma Rousseff. Após participar de cerimônia em São Paulo que contou com a presença da presidenta, Bernardo respondeu que não achava deselegante a postura de Lupi. “Declaração de amor não pode ser considerada infeliz”, afirmou.

Na quinta-feira (10), em audiência na Câmara, o ministro do Trabalho reconheceu que havia se excedido na entrevista coletiva na qual afirmou que só sairia derrubado “à bala”, pediu desculpas públicas à presidenta e declarou: “ Dilma, me desculpe, eu te amo”. Questionado se poderia acompanhar a declaração de Lupi, Bernardo hesitou por um momento. “Fico encabulado, mas faria, sim”, afirmou, sem, porém, declarar-se.

Ele não admitiu a ideia de que as seguidas demissões de ministros acusados de irregularidades – cinco, desde junho – deixem os atuais titulares em situação frágil, e defendeu o caminho tomado por Dilma. “O governo tem adotado uma postura absolutamente transparente e rigorosa. Qualquer ministro, qualquer titular de qualquer autarquia, qualquer órgão que sofre uma acusação tem de esclarecer, partindo do pressuposto de que a pessoa tem o direito de ser considerada inocente”, disse.

São Paulo

O ministro evitou ainda tecer comentários sobre a escolha do ministro da Educação, Fernando Haddad, como pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo. Bernardo lembrou que, apesar de paulistano, vive há mais de 30 anos no Paraná, e não poderia “dar palpite” sobre a realidade da cidade. “Com certeza o ministro Fernando Haddad é um quadro da maior qualidade”, limitou-se a dizer.

A respeito do processo que conduziu à candidatura petista em São Paulo, Bernardo descartou a possibilidade de a desistência de se realizar prévias possa ser considerado um passo pouco democrático. O lançamento de Haddad é um anseio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deseja promover a renovação dos quadros partidários em algumas das principais capitais do país. A indicação tem apoio da tendência Construindo um Novo Brasil – antigo Campo Majoritário –, que detém maior influência interna no PT.

Inicialmente, haveria a realização de prévias no dia 27 de novembro para definir a chapa petista na cidade. Dois postulantes desistiram da consulta aos filiados em prol do ministro. Outros dois podem fazê-lo ainda nesta sexta-feira (11).

A primeira a anunciar a saída foi a senadora Marta Suplicy, ex-prefeita da cidade e derrotada nas duas últimas eleições municipais. Depois, o senador Eduardo Suplicy chegou a acordo para que Haddad incluísse o Renda Básica de Cidadania no programa do eventual governo e abriu mão das prévias. Nesta sexta-feira, os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini participaram de uma reunião com Haddad e lideranças do partido e devem anunciar que deixam a disputa. Com isso, não será necessário haver o processo direto de escolha, que, admitia-se, poderia levar a fissuras que acabariam por atrapalhar o PT nas eleições do próximo ano.

“No PT prevaleceu o diálogo. Discutiram todas as regiões, o Itaim Bibi, o Itaim Paulista”, afirmou Bernardo. “Acho que o democrático é resolver as questões de forma transparente, aberta. Foram feitos debates abertos com a participação de toda a militância. Tenho certeza que isso vai ser uma questão reconhecida por absolutamente todo o conjunto do partido.”