Nem, procurado por narcotráfico na Rocinha, e policiais são presos no Rio

Comunidade é a próxima da lista a receber UPP, principal ação de segurança pública do governo do Rio de Janeiro. Ação teve cooperação entre polícias estaduais e Federal

Rocinha é controlada pela Amigos dos Amigos, segundo a polícia, e vive cercada pela polícia antes de receber UPP (Foto: Rafael Wallace/Alerj – arquivo)

São Paulo – Agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar e da Polícia Federal prenderam, entre a noite de quarta-feira (9) e a madrugada desta quinta-feira (10), cinco policiais e 10 pessoas procuradas por envolvimento no narcotráfico na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Entre eles, está Antônio Bonfim Lopes, o Nem, considerado chefe do crime organizado na comunidade, que é a próxima na lista das que vão receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Três policiais civis e dois ex-policiais militares foram detidos por fazerem uma “escolta” de cinco procurados como traficantes de drogas ainda na noite de quarta. Um deles seria o acusado de comandar o crime na Favela de São Carlos, na zona norte, que recebeu uma UPP em julho deste ano.

Um comboio de quatro veículos foi interceptado perto do campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ). Segundo a Polícia Federal, foram apreendidos três fuzis, 11 pistolas, granadas, dinheiro e munição. A operação teve participação de 40 agentes federais.

No caso de Nem, a detenção foi promovida pelao Batalhão de Choque da PM. Segundo informações da corporação, ele estaria tentando fugir do cerco policial à comunidade, estabelecido justamente para a instalação da UPP. Ele foi encontrado dentro do porta-malas de um veículo.

Quando o Corolla preto com três homens foi abordado pela batida policial, um deles declarou ser cônsul honorário do Congo e outro identificou-se como funcionário do consulado, ainda de acordo com a PM.

Ainda assim, os policiais pediram para verificar o carro, mas o homem que se dizia cônsul tentou impedir, recorrendo à imunidade diplomática que lhe permitiria exigir que a revista fosse feita apenas em uma delegacia de polícia. No trajeto, os três homens chegaram a oferecer propina de R$ 1 milhão para serem liberados. O veículo foi, então, revistado, e Nem, encontrado no porta-malas.

O suspeito foi levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, na zona portuária do Rio. O cerco à Rocinha marca o início de uma cooperação entre as polícias estaduais e a Federal. Uma entrevista coletiva deve ser realizada na manhã desta quinta.

Nem ganhou fama nacional em janeiro de 2010. Membro da facção crimiosa Amigos dos Amigos, ele chegou a ser simular sua morte para fugir de um cerco policial. A história foi revelada por um programa de televisão, que ouvi um médico que foi preso por falsidade ideológica que confessou ter sido subornado para assinar um atestado de óbito sem ver o corpo.

No início do mês, diante da iminência da implantação da UPP, jornais divulgaram a informação de que Nem teria declarado estar disposto a enfrentar os policiais e impedir a ocupação.

UPPs

As UPPs são a principal ação de segurança pública do governo do Rio de Janeiro. A ação consiste em assegurar a presença de policiamento ostensivo em favelas antes controladas pelo tráfico de drogas ou por milícias – grupos paramilitares, formados por policiais e ex-policiais que cobram por serviços como gás de cozinha, TV a cabo clandestina e segurança privada ilegal a comerciantes.

Apesar de reduzir casos de violência extrema, o programa é criticado por oferecer apenas o policiamento como política pública. Desdobramentos previstos, como instalação de outros equipamentos públicos – parques, escolas, quadras e programas sociais – não tiveram ainda o alcança prometido, na visão dos críticos.

Com informações da Agência Brasil