Maioria dos soropositivos mantém relação afetiva estável, afirma estudo

Dos entrevistados, 2/3 têm relação sexual com pessoas não portadoras do vírus. A maioria conta ao parceiro sobre sua soropositividade. Tratamentos permitem que pacientes pensem no futuro

São Paulo – Dos pacientes atendidos na Casa Aids, ambulatório do Hospital das Clínicas de São Paulo, 60% conseguiram retomar sua vida afetiva. O dado de que o diagnóstico de HIV positivo e de Aids não impede a construção de relacionamentos faz parte de um estudo coordenado pela infectologista Eliana Gutierrez, que dirige o ambulatório.

Dos pacientes entrevistados, dois terços revelaram ter relação sexual com pessoas não portadoras do vírus e um terço se relacionaram com parceiros soropositivos. “Embora muitos falem para o parceiro sobre sua soropositividade, ainda há uma pequena parcela que tem dificuldade para tocar no assunto”, aponta a especialista.

O ambulatório do HC atende 3.300 pacientes soropositivos. A maioria (70%) é do sexo masculino e têm idade média de 44 anos. Desse total, 292 foram sorteados para o estudo.

De acordo com Eliana Gutierrez, algumas características reveladas nas entrevistas mostram que os pacientes conseguiram retomar sua vida também do ponto de vista econômico e social. Os pacientes entrevistados estão em tratamento no ambulatório, em média, há 11 anos.

Entre os entrevistados, 57% têm 11 anos ou mais de escolaridade, 75% trabalham e apenas 9% estão fora do mercado de trabalho. “Outros 16% estão aposentados”, lembra Eliana. Outro dado relevante está relacionado à moradia. A maioria, 68%, reside com familiares, outros 6% em albergues, e 27% declararam viver sós.

A médica informa ainda que o principal objetivo da pesquisa era identificar os fatores associados à adesão ao tratamento dos antirretroviral do HIV. Segundo ela, dos portadores do vírus que fequentam a Casa da Aids e fazem uso dos medicamentos, 94% avaliam o resultado do tratamento como bom.

Com os avanços nas pesquisas, as pessoas infectadas convivem com o HIV e muitos estão envelhecendo com ele e tornando-se pacientes complexos. Mas apesar das dificuldades trazidas pelo vírus associadas ao uso do coquetel e à idade, é possível dizer que a situação é muito melhor do que há 20 anos. “Hoje, os infectados pelo vírus já se permitem pensar no futuro”, ressalta.

A Casa da Aids funciona desde 1994 no HC e, segundo Eliana, está com sua lotação completa para o atendimento. “As exceções ficam por conta das gestantes e adolescentes, considerados grupos de risco”, lembra.

Com informações da Agência HC de Notícias