pandemia que não acaba

Relatório pede que governo Lula fortaleça a vigilância para frear avanço da covid

Documento de comissão externa da Câmara é aprovado e divulgado em meio ao aumento de mortes no Brasil e explosão de casos na China

Sandro Araújo/Agência Saúde DF
Sandro Araújo/Agência Saúde DF
Fiocruz divulgou nota técnica sobre efetividade da vacinação em crianças

São Paulo – A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha o enfrentamento da pandemia de Covid-19 aprovou hoje (21) seu relatório final. Relatado pela deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), o documento traz recomendações para o novo governo enfrentar a pandemia que está longe de acabar.

Só no Brasil já soma mais de 36 milhões de pessoas infectadas e causou pelo menos 692.461 mortes, segundo dados atualizados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Entre as recomendações ao Poder Executivo está o fortalecimento da vigilância epidemiológica no âmbito do SUS, com uso de novas tecnologias, para o monitoramento de casos. E também investimentos em tecnologia para o conhecer melhor e impedir a disseminação do novo coronavírus e suas variantes.

O relatório também recomenda que o Executivo inclua a rede de atenção primária em saúde no tratamento precoce de pacientes com covid-19. E adote medidas para reduzir a dependência externa de produtos da saúde, especialmente sedativos. Entre elas, avaliar a necessidade de importação emergencial e de cooperação técnica com organismos internacionais.

A comissão destaca também no relatório o avanço da vacinação ao longo dos últimos dois anos, o que permitiu controlar a pandemia. Mas que, mesmo assim, ainda é insuficiente. O Brasil concentra 10,7% das mortes por covid no mundo, embora tenha apenas 2,7% da população mundial.

Preparação do país para covid e outras pandemias

“Este relatório não consegue transcrever os momentos de angústia, de preocupação e de tristeza frente à pandemia que vivemos. A angústia vinha das mães que precisavam do medicamento para manter os seus filhos intubados, vinha dos trabalhadores da área da saúde que não tinham uma simples máscara de proteção individual, vinha da falta de leitos de UTI para salvar a população”, disse Carmen Zanotto.

Segundo ela, o documento reúne também informações e avanços obtidos pelo colegiado ao longo do período e faz recomendações quanto à preparação do país para momentos de crise, inclusive com outra pandemia.  “Tomara que este relatório possa, enfim, auxiliar o país a enfrentar situações de pandemia com mais celeridade”, acrescentou.

Formada por 21 parlamentares, a comissão iniciou seus trabalhos em fevereiro de 2020. Ao todo realizou 144 eventos, entre reuniões técnicas, audiências públicas, seminários e visitas técnicas ao Ministério da Saúde.

Na fase inicial, o foco era debater medidas de controle da pandemia, dada a urgência e o nível crítico da situação enfrentada. Já no período mais recente, porém, a ênfase tem sido a vacinação. Isso porque a pandemia entrou em fase de maior controle, mas ainda produz efeitos sanitários.

Entre os desdobramentos dos trabalhos da comissão estão 12 projetos de lei aprovados. Entre eles, o auxílio emergencial, recursos para saúde, telemedicina, auxílio financeiro da União às Santas Casas e hospitais filantrópicos e garantias a profissionais de saúde, entre outros.

Brasil tem alta de mortes por covid; casos explodem na China

Há ainda outros 49 projetos priorizados pela comissão externa ainda em tramitação, que apontam para o trabalho a ser realizado para aperfeiçoar a resposta à pandemia.

Carmen Zanotto sugere que as recomendações continuem sendo acompanhadas por uma subcomissão a ser instalada na Comissão de Seguridade Social e Família. “Esse colegiado poderia verificar as normas geradas com o advento da pandemia e as proposições que não foram apreciadas, de forma a criar para o futuro um arcabouço legal mais amplo de suporte ao enfrentamento de novas emergências sanitárias”, disse.

O Brasil enfrenta atualmente alta de mortes por covid, o que não havia desde agosto. Na comparação com os últimos 7 dias, a média de óbitos é de 157. A de casos também segue em alta, com 43.549 casos da doença registrados em média por dia. Segundo a mais recente edição do Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na sexta (16), há uma tendência de aumento de casos de covid na população adulta em todos os estados do país. 

Mais cedo, o epidemiologista e pesquisador da Universidade de Harvard, Eric Feigl-Ding, fez um alerta: O especialista estima que 60% da população chinesa deve se infectar com o novo coronavírus após o país decretar o fim da política de “Zero Covid”. “A China tem vivenciado uma explosão de casos de covid em todo o território do país. Tal número representa 10% da população mundial.” 

Por causa disso, há uma explosão de casos, os hospitais estão lotados e há o temor de que o sistema de saúde entre em colapso. Para o pesquisador brasileir Bruno Gino, que revisou os dados, as perspectivas são ruins no Brasil. “O que acontece hoje por lá é um verdadeiro pesadelo. Funerárias estão levando 20 dias para cremar corpos… no Brasil levava-se dias para duplicar n° mortes e infectados, lá são horas!”


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