Queda na epidemia

Em 17 anos, mortes por Aids em São Paulo têm queda de quase 80%

Em 1995, a capital paulista registrou 31,2 óbitos pela doença para cada 100 mil habitantes, contra 6,8 no ano passado

Image Source/Bill Miles

Laços vermelhos decorarão prédios de São Paulo em comemoração ao Dia de Luta contra Aids

São Paulo – O número de mortes por Aids na cidade de São Paulo apresentou uma queda acentuada nos últimos 17 anos, segundo um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde lançado hoje (29). Domingo (1º) é o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Em 1995, a capital registrou 31,2 óbitos devido à doença para cada 100 mil habitantes. Em 2012, foram 6,8 – queda de 79%.

O total de novos casos na cidade também caiu de forma considerável. Em 1998 foram 47,6 diagnósticos positivos para cada 100 mil habitantes contra 19,3 em 2012, redução de quase 60%. Ao todo, 39.811 pessoas faleceram devido a Aids na capital paulista entre 1981 e 2012. São Paulo ainda registra pelo menos duas mortes por dia em consequência da doença.

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Em 1996,  Aids era a 5ª causa de morte na capital paulista, passando para 22ª posição em 2012. Entre as mulheres de 24 a 34 anos, no entanto, a doença ainda é o principal motivo de óbito. Ela afeta mais as paulistanas com menos estudo (entre 4 e 7 anos de escolaridade), representando 28,6% do total de casos. Entre as com 12 anos ou mais de estudo, o percentual cai para 7,1%.

Já entre os homens, a situação se inverte: 15,4% dos soropositivos do sexo masculino têm entre 4 e 7 anos de estudo contra 20,5% com 12 anos ou mais de estudo. No grupo dos homens entre 32 e 44 anos, a Aids é a 3ª causa de morte.

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“Houve uma enorme queda no número de casos. A epidemia está sendo enfrentada de uma forma muito boa. Porém, quando observamos os dados mais desagregados, percebemos que esses benefícios do enfrentamento da epidemia não são homogêneos. Nem todas as pessoas do município estão se beneficiando da mesma forma”, afirmou a coordenadora do Programa Municipal DST/Aids, da Secretaria Municipal de Saúde, Eliana Gutierrez.

Desigual

Em alguns grupos, no entanto, os casos aumentaram. O principal é o chamado “homens que fazem sexo com homens”: em 2008, o número de ocorrências de Aids nessa população era de 39,3%, saltando para 47% em 2012. O problema é mais grave entre os homens mais jovens, identificados já na faixa entre 13 e 19 anos e acentuados entre 20 e 29 anos.

Entre as mulheres houve redução nas novas incidências, principalmente as ocasionadas por uso de drogas intravenosas, que atualmente são responsáveis por 3,5% dos casos. A razão de casos entre os sexos, que era de dois homens soropositivos para uma mulher em 1997, passou de três para uma em 2012.

O maior número de casos está na região da Sé, que concentrou, sozinha, 13,2% das ocorrências entre 2001 e junho de 2013. “Uma população altamente vulnerável circula muito nessa região, seja para trabalhar, seja para morar, seja se divertir. Sabemos, então, que parcela importante da população vulnerável esta concentrada na região da Sé. É uma questão social”, afirma Eliana.

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A região sudeste da cidade é a que concentra o segundo maior número de casos, principalmente entre o sexo masculino (23,1%). Já entre as mulheres, a maior proporção de soropositivas está na região norte (22,6% dos casos).

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A maioria das dos paulistanos que faleceram devido a Aids em 2010 eram pretos (13,2 a cada 100 mil habitantes) ou pardos (7,7 para cada 100 mil). Entre os brancos a taxa de mortalidade foi de 6,9, segundo dados do Censo de 2010. Eliana explica que como foi a primeira vez que a pesquisa coletou dados de raça/cor não é possível comparar se há ou não uma redução. “Acreditamos que a ocorrência seja maior nesses grupos devido à falta de acesso à informação e a proteção”.

O estudo mostra que, entre 1980 e junho de 2013, 84.204 pessoas contraíram o HIV – 60.659 homens e 23.545 mulheres – na cidade de São Paulo.

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