Privatização

Quem vai atender a população quando o Emílio Ribas estiver reformado?

Há anos sem novos concursos, hospital tem seu quadro de médicos cada vez menor. Desde 2015, a perda foi de pelo menos 40, que morreram ou se aposentaram. Quando as obras de ampliação estiverem prontas, serão necessários mais 258

Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Manifestação de médicos e residentes por mais médicos no Emílio Ribas

São Paulo – A conclusão de uma obra iniciada há 7 anos no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, prevista para o ano que vem, é aguardada com a expectativa de ampliação do atendimento à população. E também com apreensão pelos médicos deste que é o principal hospital especializado em doenças infecto-contagiosas de São Paulo, que foram às ruas nesta sexta-feira (15) para denunciar o descaso.

A abertura de 78 novos leitos vai aumentar a demanda por pelo menos 278 profissionais, sendo 45 médicos das mais diversas especialidades, sem contar enfermeiros e técnicos auxiliares. Mas nada se fala da realização de concursos no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, o que leva a comunidade médica a acreditar que o governo de João Doria (PSDB) deva optar pela completa privatização do hospital.

No auge da pandemia de covid-19, o governo de João Doria (PSDB) resolveu terceirizar parte do hospital. Contratou então a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), ligada a médicos do Hospital São Paulo, vinculado à antiga Escola Paulista de Medicina, que foi incorporada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Privatização do Emílio Ribas

E essa transferência da gestão para uma Organização Social da Saúde, que cada vez ganha mais espaço dentro dos governos, especialmente tucanos, na gestão de postos de saúde, traz muita preocupação.

O diretor clínico do Emílio Ribas, o médico Wladimir Queiroz, disse à RBA que, como já se esperava, o modelo de gestão por OS prejudica o atendimento à população. “Essa experiência com a SPDM tem mostrado queda na qualidade. Há muita rotatividade de médicos, que são todos muito jovens, ainda sem a experiência necessária e em muitos casos ainda sem ter concluído a formação. Em resumo, não sabemos quem são esses médicos, disse, chamando atenção para a fragmentação do trabalho feito por servidores e esses profissionais contratados.

Desde 2015, o Emílio Ribas perdeu mais de 40 médicos. São profissionais que se aposentaram ou morreram. A diretoria técnica do hospital fez uma solicitação à Secretaria de Saúde para a contratação de 258 profissionais. Mas segundo Queiroz, o último pedido para a realização de concurso público foi negado no dia 29 de setembro pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.

Segundo a Associação dos Médicos do Instituto Emílio Ribas, desde o antes do início da pandemia de covid-19 os médicos têm alertado João Doria sobre a falta de médicos e de outros profissionais.