Quem vai atender a população quando o Emílio Ribas estiver reformado?
Há anos sem novos concursos, hospital tem seu quadro de médicos cada vez menor. Desde 2015, a perda foi de pelo menos 40, que morreram ou se aposentaram. Quando as obras de ampliação estiverem prontas, serão necessários mais 258
Publicado 16/10/2021 - 12h24
São Paulo – A conclusão de uma obra iniciada há 7 anos no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, prevista para o ano que vem, é aguardada com a expectativa de ampliação do atendimento à população. E também com apreensão pelos médicos deste que é o principal hospital especializado em doenças infecto-contagiosas de São Paulo, que foram às ruas nesta sexta-feira (15) para denunciar o descaso.
A abertura de 78 novos leitos vai aumentar a demanda por pelo menos 278 profissionais, sendo 45 médicos das mais diversas especialidades, sem contar enfermeiros e técnicos auxiliares. Mas nada se fala da realização de concursos no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, o que leva a comunidade médica a acreditar que o governo de João Doria (PSDB) deva optar pela completa privatização do hospital.
No auge da pandemia de covid-19, o governo de João Doria (PSDB) resolveu terceirizar parte do hospital. Contratou então a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), ligada a médicos do Hospital São Paulo, vinculado à antiga Escola Paulista de Medicina, que foi incorporada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Privatização do Emílio Ribas
E essa transferência da gestão para uma Organização Social da Saúde, que cada vez ganha mais espaço dentro dos governos, especialmente tucanos, na gestão de postos de saúde, traz muita preocupação.
O diretor clínico do Emílio Ribas, o médico Wladimir Queiroz, disse à RBA que, como já se esperava, o modelo de gestão por OS prejudica o atendimento à população. “Essa experiência com a SPDM tem mostrado queda na qualidade. Há muita rotatividade de médicos, que são todos muito jovens, ainda sem a experiência necessária e em muitos casos ainda sem ter concluído a formação. Em resumo, não sabemos quem são esses médicos, disse, chamando atenção para a fragmentação do trabalho feito por servidores e esses profissionais contratados.
Desde 2015, o Emílio Ribas perdeu mais de 40 médicos. São profissionais que se aposentaram ou morreram. A diretoria técnica do hospital fez uma solicitação à Secretaria de Saúde para a contratação de 258 profissionais. Mas segundo Queiroz, o último pedido para a realização de concurso público foi negado no dia 29 de setembro pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
Segundo a Associação dos Médicos do Instituto Emílio Ribas, desde o antes do início da pandemia de covid-19 os médicos têm alertado João Doria sobre a falta de médicos e de outros profissionais.