População de baixa renda tem alimentação mais saudável, aponta IBGE

A análise do consumo alimentar mostrou que as médias diárias de consumo per capita de itens como arroz e feijão, foi muito maior na zona rural (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil) […]

A análise do consumo alimentar mostrou que as médias diárias de consumo per capita de itens como arroz e feijão, foi muito maior na zona rural (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – A população brasileira de baixa renda é a que possui uma dieta mais saudável, considerando os produtos presentes em sua alimentação diária. A conclusão é da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta quinta-feira (28), no Rio de Janeiro.

Segundo André Martins, pesquisador da POF/IBGE, por terem menos disponibilidade de comprar diversos tipos de alimentos, a população mais pobre tem uma alimentação mais básica, consumindo mais arroz e feijão. “A alimentação mais básica tem melhor qualidade nutricional”, disse, afirmando que a qualidade dos alimentos não varia tanto entre as classes sociais.

A pesquisa foi realizada durante um ano por meio de formulários preenchidos por mais de 34 mil pessoas relatando o que comeram e beberam durante dois dias não consecutivos. Foram contemplados 13.569 domicílios. A análise demontrou que pessoas com menor renda consomem mais peixe fresco e salgado e carne salgada. Esses brasileiros também se alimentam de menos doces, refrigerantes, pizzas e salgados fritos e assados. Por outro lado, essas pessoas consomem menos frutas e verduras.

O levantamento do IBGE mostra que quanto mais alta a renda, maior é o número de pessoas que fazem pelo menos uma refeição fora de casa por dia. “Os dois consomem coisas erradas. Entra a disponibilidade de rendimento e a pessoa começa a comprar biscoito recheado, batata industrializada, já começa a consumir mais fora de casa e come pizza, toma refrigerante. Na classe de rendimento mais alta é absurdo o consumo de refrigerante”, explicou André Martins.

A mesma comparação pode ser feita entre a população urbana e rural. A análise do consumo alimentar mostrou que as médias diárias de consumo per capita de itens como arroz, feijão, batata-doce, mandioca, farinha de mandioca, manga, tangerina, peixes e carnes foi muito maior na zona rural. Na área urbana os entrevistados revelaram um consumo maior de alimentos prontos ou processados, como pão de sal, biscoitos recheados, iogurtes, vitaminas, sanduíches, salgados, pizzas, refrigerantes, sucos e cervejas.

Consumo de sal e açúcar acima da média

Mais de 60% dos brasileiros consomem quantidade de açúcar superior ao recomendado pelo Ministério da Saúde (10% da ingestão total de calorias diárias) e, pelo menos, 82% da população ultrapassa o consumo ideal de gordura saturada (7% da ingestão total de calorias diárias).

Foi avaliado também o consumo do colesterol. Em todas as idades, foram as mulheres que consumiram alimentos com menos colesterol – de 186,3 miligramas (mg)/dia a 237,9 mg/dia – do que entre os homens (de 231,1 mg/dia a 282,1 mg/dia). No caso das proteínas, todos os pesquisados apresentaram quantidades satisfatórias nas dietas. No Nordeste, a taxa de 15% do total das calorias diárias que devem ser provenientes de proteínas foi ultrapassada por todas as idades.

Quase todos os brasileiros consomem mais sal do que o recomendado pelos órgãos nacionais e internacionais de saúde – 2.200 miligramas/dia (mg/dia). Mais de 81% dos meninos e de 77% das meninas, todos com idade entre 10 e 13 anos, ingeriram mais sódio do que o valor máximo tolerável. Entre os meninos nesta faixa etária, 10% consumiram mais do que o dobro desse limite.

A média populacional de ingestão de sódio no Brasil ultrapassa 3.200 mg/dia. Em uma das análises do levantamento, os pesquisadores relacionaram o consumo elevado de sódio ao consumo de pizza, carnes processadas, salgadinhos industrializados, biscoitos recheados e refrigerantes.

Com informações da Agência Brasil