País à deriva

Pazuello diz que inicia vacinação no dia 20, mas incertezas e crise se agravam

O “dia D” e a “hora H” para o início da imunização no país contra a covid-19 ainda não estão confirmados pelo próprio Ministério da Saúde

Agência Brasil/Reprodução
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Pazuello segue receitando remédios como cloroquina, enquanto pandemia e mortes saem no controle

São Paulo – “De acordo com @ministropazuelo, próxima segunda chegam as 2 milhões de doses da Astrazeneca para estados. Há também as 6 milhões da Coronavac. Anvisa liberando domingo, distribuem na terça para iniciar na quarta, dia 20. Ou seja: 8 milhões de doses para janeiro”, escreveu o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), no Twitter. A mensagem foi postada após reunião do ministro militar da Saúde, Eduardo Pazuello, com cerca de 130 prefeitos, a maioria dos quais participou virtualmente. Porém, o “dia D” e a “hora H” para o início da distribuição da vacina contra a covid-19 ainda não estão confirmados pelo próprio ministério comandado por Pazuello.

Segundo a CNN Brasil, o avião que vai buscar 2 milhões de doses da vacina de Oxford em Mumbai, na Índia, sai de Viracopos (em Campinas) nesta quinta-feira (14). Mas só deve deixar o Brasil amanhã, de Recife. O voo para Mumbai estava previsto para hoje, mas foi adiado.  O lote é referente à importação pedida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para adquirir o imunizante junto ao laboratório indiano Serum.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não liberou o uso emergencial das vacinas CoronoVac (da chinesa Sinovac e Instituto Butantã) e de Oxford (AstraZeneca e Fiocruz). A decisão da agência está marcada para domingo (17).

Calamidade no Amazonas

A situação no Amazonas é trágica. O pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz no estado,  afirmou à colunista Mônica Bergamo que “acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia”.

Esse estado de coisas era previsível por consenso entre especialistas da área médica, mas o governo continuou ignorando os alertas sobre a urgência da vacinação. E, liderado pelo presidente Jair Bolsonaro, o Executivo vem minimizando o recrudescimento da grave crise sanitária que se alastra pelo país, que também era previsível após as festas de fim de ano.

Apesar da situação, a pasta de Pazuello, que esteve em Manaus na segunda (11) e se encontrou com prefeito da cidade, David Almeida (Avante) e com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), encorajou o uso de remédios comprados em larga escala pelo governo, como a cloroquina e a ivermectina. Ambos sem eficácia comprovada. Além de não coordenar a preparação do país para a vacina, Pazuello não enxerga a gravidade da situação em Manaus.

O Brasil ultrapassou na quarta (13) os 205 mil mortos pela covid-19, com 1.274 novas vítimas fatais. Os números mostram o país retornando a números de junho a agosto. A média móvel de sete dias registrada ontem, de 1.044 mortes, é a maior desde 4 de agosto.