Antivirais

EUA aprovam dois novos medicamentos contra a covid-19

Laboratórios destacam que as pílulas são eficazes também contra a ômicron. Variante causou primeira morte na Alemanha e novo recorde de casos no Reino Unido

Reprodução/Wikipédia
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São Paulo – A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, aprovou nesta quinta-feira (23), o antiviral para tratar a covid-19 molnupiravir, da farmacêutica MSD (Merck-EUA). Ontem, a agência também deu sinal verde para o paxlovid, da Pfizer. Ambos receberam autorização da agência para uso emergencial. Tratam-se dos dois primeiros medicamentos de uso oral contra a doença. As substâncias prometem reduzir a necessidade de hospitalizações e o risco de mortes. Também são consideradas importantes no enfrentamento à variante ômicron. Os laboratórios afirmam que as pílulas são eficazes contra todas as cepas do novo coronavírus.

Segundo seus fabricantes, os remédios são indicados para pacientes com sintomas leves ou moderados. E devem ser administrados logo no início da infecção, sempre sob prescrição médica. Eles atuam no sentido de evitar a replicação do vírus, que leva ao agravamento da doença. Contudo, cabe destacar que, assim como as vacinas, nenhum dos dois previne o contágio. Para isso, é preciso usar máscaras, manter a higiene das mãos evitar ao máximo aglomerações, especialmente em ambientes fechados.

Diferentemente da maioria dos imunizantes, esses medicamentos, não se dirigem à proteína spike, usada pelo novo coronavírus para reconhecer a célula hospedeira. Foi justamente essa proteína que registrou a maioria das mutações que deram origem às variantes do vírus. No caso da ômicron, os pesquisadores identificaram mais de 30 alterações. Por combater o vírus inteiro, os cientistas acreditam que os medicamentos serão eficazes, independentemente da variantes.

Molnupiravi

A autorização do molnupiravir é para uso por pessoas com 18 anos de idade ou mais que corram alto risco de adoecer gravemente se contraírem o vírus. O medicamento pode afetar o crescimento dos ossos e cartilagens, por isso não é recomendado para quem está na adolescência.

Estudo divulgado na semana passada pela MDS mostra que o medicamento é eficaz em diminuir o agravamento da doenças e evitar mortes em 30%. A pesquisa contou1.433 pessoas, divididos em dois grupos. Dos 709 que receberam o medicamento, 48 necessitaram de hospitalização (6,8%), contra 68 entre 699 pacientes (9,7%) que receberam placebo. Além disso, os pesquisadores registraram apenas uma morte no primeiro grupo, contra nove no grupo controle.

Apesar dos índices relativamente baixos, o governo dos Estados Unidos já fechou contrato para comprar até 5 milhões de pílulas do medicamento. Ainda em novembro, a agência reguladora do Reino Unido também havia concedido aval para o uso do molnupiravir.

Paxlovid

Já a pílula da Pfizer teve seu uso autorizado para adultos e crianças a partir de 12 anos que tenham testado positivo para o coronavírus e que apresentem alto risco de progressão para casos graves. Assim, o tratamento prevê duas pílulas diárias, tomadas durante cinco dias. No teste clínico com 2.200 pessoas realizado pela empresa, o medicamento foi capaz de reduzir em 88% a possibilidade de hospitalização e mortes em pessoas de risco.

“Esta aprovação proporciona uma nova ferramenta para lutar contra a covid-19 em um momento crítico da pandemia, no qual estão surgindo novas variantes”, disse a cientista da FDA Patrizia Cavazzoni. Dessa forma, o governo americano já anunciou a compra de 10 milhões de doses. Na semana passada, a agência reguladora da União Europeia também aprovou o uso emergencial do medicamento.

Ômicron na Europa

Também nesta quinta (23), o Reino Unido voltou a bater recorde de casos. Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registraram 119.789 novas infecções. Trata-se de um aumento de 50% em relação à semana passada, de acordo com dados do governo. As autoridades atribuem esse aumento à variante ômicron, que é predominante entre os britânicos.

O Reino Unido bateu ontem, pela primeira vez, a marca dos 100 mil casos diários, com 106.122 novas infecções. Os setores da indústria e dos transportes começam a enfrentar a falta de trabalhadores, como resultado do isolamento entre os contaminados. Contudo, a alta nos casos ainda não tem refletido, na mesma medida, no aumento de internações. Com o intuito de conter o surto da doença, o governo aposta na aplicação das doses de reforço, até o fim do ano, em toda a população elegível.

Ao mesmo tempo, a Alemanha anunciou hoje a primeira morte relacionada à ômicron. De acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), ligado ao governo, trata-se de um paciente com idade entre 60 e 79 anos. Além disso, as autoridades identificaram 810 novos casos da nova ômicron, 25% a mais do que no dia anterior. No total, já são 3.198 casos da ômicron no país. Destes, 48 foram hospitalizados. O instituto também destacou, ademais, 54 casos de infecções pela nova cepa em indivíduos que haviam se recuperado de casos anteriores de covid-19. Desse modo, o chefe do RKI, Lothar Wieler, alertou que a variante ômicron deve se tornar a dominante entre os alemães em meados de janeiro.

Números da covid no Brasil

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou mais 137 mortes pela covid-19. No entanto, persistem os problemas de comunicação com o Ministério da Saúde. A pasta atribui a instabilidade no sistema a ataques hacker que teriam ocorrido há mais de 10 dias. Os números, portanto, encontram-se defasados. Bahia, Goiás, Paraíba e Tocantins não conseguiram atualizar seus números. Nesse sentido, com o apagão parcial de dados, o total de óbitos confirmados chegou a 618.228.

Nessas condições de insegurança acerca das informações, as autoridades regionais confirmaram 3.451 novos casos no mesmo período. A coleta de dados é feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Por fim, os casos oficiais registrados seguem em torno de de 22,2 milhões (22.226.573) desde o início da pandemia, em março de 2020.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass