São Paulo – Levantamento do Observa Infância, que reúne pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase) divulgado nesta quarta-feira (28) mostra que, a partir de julho, crianças menores de 5 anos passaram a responder por duas de cada cinco internações por covid-19 no Brasil.

Entre janeiro e junho, o grupo representava três de cada 50 internados por complicações da doença. Por outro lado, entre 14 de agosto e 10 de setembro, 678 bebês e crianças menores de cinco anos foram hospitalizados com covid-19 no Brasil. Esse número é quase o dobro dos 387 maiores de 60 anos internados no mesmo período.

Com o avanço da vacinação entre adolescentes, adultos e idosos, as taxas de hospitalização e mortalidade caíram em todas as faixas etárias. Mas entre menores de 5 anos a queda é mais lenta. Entre maiores de 60 anos, houve redução de 325% na média diária de óbitos por covid-19. Entre menores de cinco anos, no entanto, a redução foi de 250%.

Atraso, desinformação, baixa adesão

Isso ocorre em função do atraso na aprovação das vacinas para as crianças, além da baixa adesão à imunização, em função da disseminação de mentiras levantando suspeitas infundadas sobre o efeito colateral das vacinas. O governo federal, por outro lado, se omitiu, ao não promover campanhas intensas de conscientização.

“A cada dia que passamos sem vacinas aplicadas nessa faixa etária, mais de uma criança morre por Covid-19 no Brasil”, afirmou o coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, à Agência Fiocruz.

Somente em 13 de julho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da vacina Coronavac para crianças de 3 a 5 anos. No entanto, até 23 de setembro, somente 2,5% da população com essa idade havia recebido as duas doses da vacina. Para bebês de 6 meses a 2 anos, a demora foi ainda maior. A Anvisa aprovou o uso da Pfizer pediátrica para essa faixa etária apenas em 16 de setembro.