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Brasil tem pior semana de casos de covid-19 desde agosto

Semana se encerrará com maior aumento diário de casos de covid-19 desde agosto. Cinco estados já acima de 80% dos leitos ocupados em UTI do sistema público de saúde

Senado Federal/Twitter
Senado Federal/Twitter

São Paulo – O Brasil registrou nesta sexta-feira (4), oficialmente, 694 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No período, foram contabilizados também mais 46.884 doentes. Desde o início da pandemia, em março, são 175.270 vítimas e um total oficial de 6.533.968 infectados. As informação são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). A chamada semana epidemiológica, a ser encerrada neste sábado (5), já é a pior semana em número de novos casos de covid-19 desde agosto. Naquele mês, o Brasil enfrentava seu pior momento da pandemia.

Desde o último domingo (29), já foram registrados 243.696 infectados, faltando ainda somar os registros deste sábado. O número supera os da semana passada, que teve 237.468 contaminados, e só é superada pela última semana de agosto, quando se registraram cerca de 270 mil casos. Além desse avanço, ao menos cinco estados do Brasil já estão com taxa de ocupação acima de 80% nos leitos de UTI para covid-19 da rede pública – sem contar o aumento do movimento na rede privada. São eles: Amazonas, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco.

A média móvel diária dos últimos sete dias é de 42.231 infectados. E essa é semelhante ao período de pico, entre julho e agosto. O último dia com registro de média tão elevada foi 18 de agosto. O problema é que o cenário é de aumento dos casos ainda da primeira onda, que o Brasil não conseguiu superar. O país, que ficou pelo maior tempo no pico da curva em todo o mundo, mais de 14 semanas, observou uma tendência estável de queda a partir de meados de setembro e especialmente em outubro. Mas essa tendência já foi revertida, e volta a ter trajetória ascendente, como informa boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado ontem (3).

Piores cenários

Curvas epidemiológicas de novos casos e mortes por covid-19 no Brasil mostram forte crescimento da pandemia. Fonte: Conass

São Paulo segue como o estado mais afetado pela pandemia. São 1.276.149 infectados e 42.788 mortos. Isso sem contar com a ampla subnotificação que atinge todo país. Isso porque a quantidade de testes realizada é muito pequena. O governo do estado mais populoso é alvo de críticas por maquiar números e postergar ações de combate ao vírus, como denunciado pela RBA.

O Rio de Janeiro é o segundo estado com mais mortes. São 23.017 vítimas e 367.641 infectados. O estado vive atualmente uma das situações mais delicadas do Brasil. As redes pública e privada para UTIs estão esgotadas, o que coloca o território fluminense em situação de colapso da Saúde. Mesmo o número de mortos em casa sem assistência médica aumentou significativamente.

Mesmo diante do cenário caótico no Rio de Janeiro, o governador em exercício, Claudio Castro, negou adotar medidas sanitárias de prevenção à covid-19, como ampliar o isolamento social. A falta de ações vai contra a recomendação do Comitê Científico da Prefeitura do Rio de Janeiro, que elabora estratégias durante a pandemia.

“Não vamos dar passo atrás nenhum. O que estamos fazendo é trabalhando na abertura de leitos e melhorar a fiscalização. Não adianta ter medidas que a população não vai cumprir. A avaliação das equipes técnicas é que ainda temos um campo de aberturas de leitos antes de se pensar em restrição”, disse Castro ontem (3) após um encontro com o prefeito Crivella (Republicanos).

Mundo

A covid-19 segue letal em todo o mundo. Já são 1.510.313 mortos e quase 66 milhões de infectados. A segunda onda que abateu a Europa nos últimos meses segue com sinais de recuo, após a adoção de medidas fortes de isolamento social no continente. Nos Estados Unidos o cenário é mais preocupante. Um dia após os mortos superarem 3 mil no período de 24 horas, a taxa segue acima de 2.500 vítimas por dia.

O sucesso da Europa no controle da segunda onda também vem com a boa perspectiva do início das vacinações. Reino Unido e Portugal já anunciaram o início da imunização para a semana que vem. Alemanha, França e Espanha devem vir na sequência. A Rússia afirma já ter imunizado 100 mil cidadãos e que pretende chegar a 2 milhões até o fim do ano com o fármaco produzido por eles, o Sputnik V.