Covid-19 em cruzeiros: especialista defende suspensão de viagens

Ao menos três navios registraram casos da doença e tiveram trajeto interrompido

Otávio Santos/Secom
Otávio Santos/Secom
Segundo Anvisa, após as investigações conduzidas, ficou confirmado que a covid-19 se espalha facilmente entre pessoas próximas a bordo de navios e a chance de contrair o vírus nos cruzeiros é alta.

São Paulo – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão de cruzeiros no Brasil após detectar surtos de covid-19 em navios que viajaram pela costa nacional. No final do ano passado, dois cruzeiros registraram diversos casos da doença enquanto realizavam a viagem. Já no último domingo (2), um terceiro navio está sob investigação de propagar outro surto do vírus.

O navio de cruzeiro Costa Diadema chegou ao Porto de Santos, no litoral de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (3) para o desembarque dos passageiros e tripulantes após a suspensão das atividades pela Anvisa devido ao surto de Covid a bordo. Segundo a Anvisa, foram confirmados 68 casos de covid-19, sendo 56 entre tripulantes e 12 entre passageiros. O MSC Splendida, em Santos, também teve seu cruzeiro interrompido devido ao surto da doença.

A agência emitiu um comunicado contraindicando o embarque de passageiros que possuem viagens programadas em navios de cruzeiro para os próximos dias. Segundo ela, após as investigações conduzidas, ficou confirmado que a covid-19 se espalha facilmente entre pessoas próximas a bordo de navios e a chance de contrair o vírus nos cruzeiros é alta.

Para o médico imunologista Gustavo Cabral, pesquisador da USP e pós-doutorado em Oxford, o próximo passo é o governo federal acatar a recomendação da Anvisa. “É difícil esperar bom senso do Ministério da Saúde, pois é um braço do Bolsonaro, e infelizmente, a pasta tem seguido a linha do presidente da República. A Anvisa tem feito um excelente trabalho, apesar do ministério. Nós precisamos salvar o máximo de vidas possível”, afirmou, em entrevista a Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual. “Havia pessoas infectadas e mesmo assim não pararam com a festa, ou seja, é a propagação da morte. Essas pessoas vão sair do cruzeiro e expor muito mais gente”, acrescentou o especialista.

Festas de fim de ano e vacinação

A necessidade da vacinação contra a covid-19 fica ainda mais evidente após as festas de fim de ano, que reuniram famílias e amigos pelo Brasil. Segundo Cabral, diferentemente do ano passado, quando houve aglomerações que resultaram na escalada de mortes pela doença, neste ano as reuniões familiares até devem propagar mais o vírus, mas não haverá o mesmo número de óbitos por conta da imunização. Apesar disso, ele chama a atenção para a necessidade de evitar essa propagação. “Quanto mais a gente propagar o vírus, maior a chance de pessoas mais frágeis o contraírem. Não podemos banalizar a vida porque alguns querem festejar”, explicou ele.

Outro ponto considerado importante por Gustavo Cabral é a vacinação de crianças. Em meio às férias escolares e com a volta às aulas chegando, o pesquisador alerta que é preciso antecipar a compra das vacinas e imunizar os jovens para irem às escolas com mais segurança. ” A vacina é segura, protege as crianças e precisamos adquiri-las o mais rápido possível”, explicou.


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