Alerta geral

OMS declara varíola dos macacos como emergência de saúde mundial

Diretor-geral Tedros Adhanom declarou que risco na Europa já é alto e que espera que decisão de hoje leve a mais investimentos no controle do surto e transmissão da doença

OMS/Divulgação
OMS/Divulgação
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom emite alerta mundial para a varíola dos macacos, doença que provoca erupções na pele e já causou 5 mortes

São Paulo – A Organização Mundial da Saúde (OMS) ativou seu nível mais alto de alerta neste sábado (23) para tentar conter o surto de varíola dos macacos, que já afetou quase 17 mil pessoas em 75 países, anunciou seu diretor-geral Tedros Adhanom. “Decidi declarar uma emergência de saúde pública de alcance internacional”, disse o médico, em entrevista coletiva.

Ele explicou que o comitê de especialistas não conseguiu chegar a um consenso e permaneceu dividido sobre a necessidade do nível mais alto de alerta. Em última instância, a decisão cabe ao diretor-geral.

Tedros afirmou também que, por enquanto, o risco de uma pandemia como a de covid-19 no mundo é relativamente moderado, exceto na Europa, onde já é alto. “É um apelo à ação, mas não é o primeiro”, disse Mike Ryan, chefe de emergências da OMS, que espera que o alerta leve a uma ação coletiva contra a doença.

Desde o início de maio, quando foi detectada pela primeira vez fora dos países africanos onde é endêmica, a doença afetou mais de 16.836 pessoas em 74 países, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

Em crescimento

Há um mês, havia 3.040 casos relatados em 47 países. Desde então, o surto continuou a crescer e agora, além dos casos relatados, há o registro de ao menos cinco mortes, disse o diretor-geral.

Tedros informou ainda que, com as ferramentas disponíveis, será possível controlar o surto e parar a transmissão. No entanto, a decisão da OMS precisa levar os países a um maior investimento no tratamento da doença e avançar na luta por vacinas, que estão em falta.

Segundo o diretor-geral, somente metade dos países com casos registrados de varíola dos macacos tem acesso garantido às vacinas.

Por sua vez, o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, alertou que ser vacinado não dá proteção instantânea contra a doença.

Propagação atípica

A varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida a partir de animais silvestres, normalmente roedores, para humanos. Ela é endêmica em alguns países do continente africano, principalmente em áreas de florestas.

Por mais de 40 anos não houve registros de contaminação em pessoas, até que novos casos foram relatados na Nigéria a partir de 2017.  Ainda assim, transmissões de humanos para humanos não são comuns.

Esse é um dos pontos que intriga a ciência no momento, além do fato de que as pessoas infectadas não viajaram para as áreas de risco e nem tiveram contato com viajantes que estiveram nesses locais. 

“O que estamos vendo agora, é uma transmissão de humano para humano, o que não é comum, inclusive para pessoas que nem viajaram para áreas de risco. É uma novidade ruim para nós e coloca o mundo em alerta. O pior que poderia nos acontecer neste momento é ter duas epidemias ao mesmo tempo”, afirma a pesquisadora Ethel Maciel.

Pertencente ao gênero ortopoxvírus da família Poxviridae, o vírus da varíola dos macacos é da mesma família que a varíola humana – que causou crises sanitárias no mundo todo por séculos, até que foi controlada pela vacinação na década de 1970. Mas ele não costuma levar pacientes a casos graves. Entre os registros atuais, por exemplo, não há nenhuma morte. Ainda assim, representa risco, principalmente para gestantes e bebês. 

Os sinais da doença são febre, dores no corpo e na cabeça, cansaço, gânglios inchados e lesões com feridas espalhadas pela pele. Os machucados causam dores e coceira e algumas manchas podem deixar cicatrizes.

A transmissão se dá a partir do contato próximo com fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como vestimentas, toalhas e roupas de cama. O período de incubação sem sintomas costuma durar de 6 a 13 dias, mas pode chegar até 21 dias.

Com Brasil de Fato, g1 e CartaCapital


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