segue subindo

Brasil encerra a semana com óbitos por covid-19 em nova alta. E sem remédio

País ultrapassa marca de 675 mil vítimas da doença. Epidemiologista cobra do governo ações para colocar antiviral já aprovado pela Anvisa acessível aos brasileiros

Önder Örtel/Unsplash
Önder Örtel/Unsplash
Média móvel de mortes chega a 250, maior marca desde de março; especialista cobra acesso a antiviral

São Paulo – O Brasil registrou mais 311 mortes e 107.959 novos casos de covid-19 no último período de 24 horas, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Nos últimos sete dias, as mortes pela doença totalizam 1.751, aumento de 6,8% na comparação com a semana anterior. Nesta sexta-feira (8), a média de óbitos de vítimas calculada em sete dias ficou em 250. É o maior número desde 25 de março, quando estava em 253. Em 14 dias, esse índice teve crescimento de 19%. Em 30 dias, a alta chega a 67,7%.

No mesmo período os novos casos somados chegam a 419.273, voltando a subir, com alta de 5,6% em relação à semana passada. Assim, a média móvel de casos ficou em 59.896, praticamente em estabilidade, com 2% de crescimento em 14 dias. Na comparação com o mês passado, no entanto, o salto na média de casos é de 41,6%.

O total de casos seguramente é ainda maior, já que os resultados positivos dos autotestes (vendidos em farmácia) não entram nos índices oficiais se não forem confirmados através de outro teste RT-PCR. Caso contrário, ampliam a subnotificação.

Ao todo, desde o início da pandemia, o Brasil tem 675.090 mortos pela covid oficialmente registrados e mais de 33,2 milhões de casos da doença.

Números da covid-19 desta sexta-feira no Brasil. Fonte: Conass

Cadê o antiviral?

Diante da nova onda de casos decorrente principalmente da disseminação das subvariantes BA.4 e BA.5 da ômicron, a epidemiologista Denise Garrett cobrou do governo Bolsonaro o acesso para os brasileiros ao Paxlovid, primeiro antiviral para tratamento oral de covid-19. O composto é produzido pela farmacêutica Pfizer e já é aplicado em diversos países, como Israel e Estados Unidos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitário (Anvisa) aprovou seu uso emergencial ainda em março. A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) recomendou a incorporação do medicamento ao SUS no mês seguinte. No entanto, o medicamento segue indisponível no país, tanto na rede pública como nas farmácias.

A especialista relatou no Twitter que se contaminou com a covid-19 em uma viagem ao exterior. Quando começaram os sintomas, ela teve acesso gratuito ao Paxlovid e teve pronta recuperação. Nos testes clínicos, o medicamento registrou 89% de eficácia na prevenção de internações e mortes pela covid-19.

Nesse sentido, ela destacou que, juntamente com as vacinas, o Paxlovid pode cumprir importante papel na prevenção de mortes pela doença, principalmente diante da nova onda causada pelas subvariantes da ômicron.

“Ao que parece, assim como o governo não teve pressa em comprar vacinas, também não tem pressa em disponibilizar o medicamento efetivo”, criticou a médica. Em seu post, ela endereçou a pergunta ao Ministério da Saúde, em especial ao ministro Marcelo Queiroga: “Por que ainda não temos Paxlovid no SUS? Por que tamanha demora? Temos urgência!”