Ameaça persistente

Brasil volta a registrar mais de mil mortes pela covid-19 em um único dia

País ultrapassou a marca de 640 mil mortes pela covid-19 desde o início da pandemia

Mário Oliveira/SEMCOM Fonte: Agência Senado
Mário Oliveira/SEMCOM Fonte: Agência Senado
Apesar da alta nos óbitos, Fiocruz aponta melhora na ocupação das UTIs

São Paulo – O Brasil voltou a registrar oficialmente, nesta quarta-feira (16), mais de mil mortes pela covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A média móvel está em 814 óbitos diários na última semana. Nas últimas 24 horas, o país também somou mais 147.734 casos da doença. Nesse critério, a média móvel, de 121.622 casos, também apresentou leve redução. Ao todo, o país tem 640.774 mortos pela covid-19 oficialmente registrados, com mais de 27,8 milhões de casos.

mortes covid-19
Números de casos e mortes pela covid-19 desta terça-feira no Brasil. Fonte: Conass

Na semana passada, foram três dias com mais de mil mortes pela covid-19. No entanto, o pior momento da onda ômicron pode estar ficando para trás. Ontem, pela primeira vez neste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reportou melhora nas taxas de ocupação de UTIs para covid-19 no SUS.

Somente quatro unidades da federação – Rio Grande do Norte, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal – permanecem em zona alerta crítico, com mais de 80% dos leitos ocupados. Até a última quinta-feira (10), nove estados e o Distrito Federal se encontravam nessa situação.

Entre as capitais com taxas divulgadas, sete estão na zona de alerta crítico – Rio Branco, Natal, João Pessoa, Rio de Janeiro, Campo Grande, Goiânia e Brasília –, ante 15 nesse estágio no levantamento anterior.

No entanto, para continuar avançando no enfrentamento à pandemia, os pesquisadores destacam que a “vacinação é a arma mais potente de que dispomos”. Até o momento, apenas 35,37% das pessoas com 18 anos ou mais tomaram a dose de reforço. A imunização infantil também caminha em “ritmo lento”, de acordo com pesquisadores.

Vacinação infantil pode evitar até 3 mil mortes

Estudo publicado hoje indica que o avanço da vacinação infantil poderia evitar cerca de 3.030 óbitos até abril. Desse total, 430 vidas de crianças de 5 a 11 anos também seriam salvas. O Brasil registrou 6.877 hospitalizações e 308 óbitos nessa faixa etária desde o início da pandemia. Além disso, a imunização dos pequenos em “ritmo ideal” traria menos 14 mil hospitalizações, das quais 5.419 em crianças. Nesse sentido, a redução das internações traria economia de R$ 56 milhões aos cofres públicos. Realizaram a pesquisa cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Observatório Covid-19.

Para atingir tais resultados, no entanto, é preciso que o ritmo da imunização infantil avance para cerca de 1 milhão de doses aplicadas por dia. Atualmente, apenas 20% das crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira. Isso corresponde a um ritmo de vacinação próximo de 250 mil doses por dia.

“A lentidão da campanha inicialmente se deu pela falta de doses, que poderiam ter sido negociadas com antecedência. Agora, é devido também à falta de uma estratégia nacional de comunicação. O que vemos é, ao contrário, uma campanha de desinformação e notícias falsas”, dizem os pesquisadores.

Ainda assim, no cenário atual, com “ritmo lento”, os pesquisadores estimam a vacinação infantil deve evitar 1.092 óbitos (182 em crianças) e 5.718 hospitalizações. (2.367 em crianças) entre janeiro e abril.

O impacto geral na redução de óbitos e internações, e não apenas nos pequenos, é porque os indivíduos vacinados tem menos chance de se contaminar, como também transmitem menos a doença. Isso porque a vacinação reduz a possibilidade de casos graves da doença, quando o risco de transmissão é maior.