Alerta

Vacinação incompleta e UTIs lotadas: combinação fatal para idosos com covid-19

Região da capital federal segue enfrentando colapso nas UTIs para covid. No Brasil, casos e óbitos caem nesta segunda (14)

Breno Esaki/Agência Brasília
Breno Esaki/Agência Brasília
Idosos não vacinados têm 33 mais chances de morrer em decorrência da covid-19, segundo a SES-DF

São Paulo – No Distrito Federal, a alta de casos de covid-19 continua a pressionar o sistema público, que segue à beira do colapso. De acordo com dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), 97,2% dos leitos das UTIs destinados ao atendimento de covid-19 estão ocupados. Só há vagas em UTIs neonatal, que têm 62,5% dos leitos ocupados. Para adultos e crianças, a ocupação ultrapassa os 100%. Assim, 36 pacientes estão na fila de espera nesta segunda-feira (14). Desde janeiro, o DF tem taxas de ocupação dos leitos de UTIs em nível de alerta crítico, segundo a Fundação Oswaldo Cruz. Por isso, as autoridades distritais têm alertado para o problema da vacinação incompleta. Mais do que isso, apelam para que a população conclua o ciclo vacinal, com duas doses, mais a dose de reforço.

Durante o final de semana, a SES-DF divulgou levantamento apontando que os idosos não vacinados têm 33 mais chances de morrer em decorrência da covid-19. Desde o início do ano até a segunda-feira passada (7), o DF registrou 93 óbitos entre pessoas com 60 anos ou mais. Desses, 79 (85%) estavam com a vacinação incompleta. Segundo a pasta, a taxa de mortalidade de idosos não vacinados por 100 mil habitantes é de 164,20. Já para os que tomaram as três doses da vacina, esse índice cai para 4,90.

Comparativo

Os dados do DF vão na mesma linha de levantamento da secretaria Secretaria da Saúde do Paraná, no início do mês. Por lá, a letalidade entre idosos não vacinados ficou em 216,32/100 mil. Por outro lado, com as três doses da vacina, o indicador cai para apenas 7,84/100 mil. Ou seja, o fator vacinação incompleta aumenta em 27,6 vezes o risco de morrer.

Desse modo, também corroboram com dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, divulgados no fim do mês passado. Na capital fluminense, a letalidade entre idosos não vacinados é 27 vezes maior em relação àqueles que concluíram a imunização. A taxa de letalidade entre os que não tomaram a terceira dose 78 por 100 mil, ante apenas 2,9 por 100 mil para os idosos que tomaram a dose de reforço.

Balanço da covid no Brasil

Hoje, o Brasil registrou 473 mortes e 58.540 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas. Assim, a média móvel de óbitos teve leve queda, ficando em 888 nos últimos sete dias. O pico recente foi registrado na última sexta-feira (11), quando atingiu 951 óbitos na média móvel, a pior taxa desde 31 de julho.

A média móvel de casos também caiu para 134.130, ante 167.550 casos de média há uma semana. No entanto, cabe lembrar que, ao longo da pandemia as segundas-feiras apresentam números menores, por conta dos dados represados durante o fim de semana.

Conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país tem, ao todo, 636.835 mortos pela covid-19 oficialmente registrados, com mais de 27,5 milhões de casos.

Para o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, as vacinas seguem cumprindo o seu papel, que é reduzir preponderantemente os números de casos graves e óbitos. “Cabe a nós e a nossos gestores fazer o restante, que é reduzir a transmissão para que mesmo os óbitos que “restam” não sejam números absolutos tão altos”, tuitou.

vacinação incompleta
Números de casos e mortes pela covid-19 desta terça-feira no Brasil. Fonte: Conass