Epidemia

Vírus da gripe supera a covid-19 no Rio de Janeiro, alerta Fiocruz

Assim como em relação ao novo coronavírus, vacinação e uso de máscaras são as principais armas contra o vírus influenza A

Fotos Públicas
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Estas mortes de crianças somam-se àquelas evitáveis, não fosse a condução desastrosa do bolsonarismo diante da pandemia

São Paulo – A cidade do Rio de Janeiro vive uma epidemia de gripe, causada pelo vírus influenza A (H3N2). Além da capital, o surto da doença afeta outros municípios da região metropolitana. De acordo com o boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estado registrou mais casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) causados pelo vírus da gripe do que pelo novo coronavírus. Também houve um número maior de casos positivos para testes de influenza, na comparação com o vírus causador da covid-19. Mas ainda não há registro do surto de gripe nas cidades do interior. Os dados são referentes à última semana epidemiológica, entre 28 de novembro e 4 de dezembro.

Mais de 21 mil pessoas foram diagnosticadas somente nas últimas três semanas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio. Além disso, houve salto de 2.647% nos atendimentos de gripe nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais nas últimas semanas. Esse aumento repentino vem causando superlotação nas unidades ambulatoriais.

Apesar do surto concentrado na capital e entorno, a Fiocruz alerta para o risco da disseminação da doença, inclusive para outras regiões do país. “Tal avanço pode vir a se reproduzir nos demais estados em função da grande quantidade de pessoas que diariamente se deslocam da capital fluminense para os demais centros urbanos do país, facilitando a importação de casos especialmente no cenário atual de flexibilização das medidas de prevenção à transmissão de vírus respiratórios”, diz o boletim.

Vacinação

Em função da epidemia, a cidade do Rio de Janeiro retomou, nesta sexta-feira (10), a vacinação contra a gripe. Por falta de doses, a imunização teve que ser suspensa no último sábado (4). Na quarta-feira (8), 160 mil doses foram entregues ao Rio pelo Ministério da Saúde. O Instituto Butantan também enviou 400 mil unidade do imunizante, que chegaram hoje.

A aplicação da vacina contra a gripe é destinada a pessoas a partir de 6 meses de idade, especialmente os grupos prioritários: idosos, crianças, trabalhadores da Saúde, gestantes e puérperas. A pessoa que estiver com sintomas de gripe ou covid-19 não deve tomar a vacina.

Um dos fatores que contribuiu para o surto de gripe é a baixa taxa de vacinação contra a doença. Com as atenções voltadas para a covid-19 nos últimos anos, as pessoas acabaram dando menos atenção para a gripe. Nesse sentido, a Fiocruz alerta que a doença tem atingido pessoas de todas as idades, de crianças a idosos.

“Vários motivos podem levar ao aumento da transmissão de um vírus, em especial um vírus respiratório. Mas as baixas coberturas vacinais são um gatilho potente”, afirmou a biomédica e coordenadora da Rede de Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra. Chama a atenção, ainda, o período de ocorrência desse surto, já que os índices de transmissão da doença costumam ser mais elevados durante o inverno.

Sintomas e prevenção

A Secretaria estadual de Saúde solicitou às UPAs reforço no atendimento aos pacientes com gripe. A orientação é que as pessoas procurem o posto de saúde mais próximo, caso não estejam se sentindo bem. Nos postos e nas tendas, são atendidas pessoas com sintomas como febre, calafrio, tosse, coriza, dor de garganta, dor de cabeça e alteração no olfato e/ou paladar.

O pesquisador da Fiocruz Leonardo Bastos ressalta que as medidas de prevenção contra a covid-19, como o uso de máscaras, vale também para o influenza A. “A máscara tem dois objetivos, te proteger (se for uma boa máscara) e proteger o próximo. Não apenas da Covid-19, mas também de outras doenças que se transmitem pelo ar, como a influenza”. Pelas redes sociais, ele lamentou ter visto algumas pessoas tirando a mascara para tossir.

Covid na Europa

Ainda nesta sexta, o Ppparlamento da Alemanha aprovou um projeto de lei que torna obrigatória a vacinação contra a covid-19 para profissionais de saúde. Pela nova lei, funcionários de hospitais, consultórios médicos e lares de idosos terão que comprovar estarem totalmente imunizados a partir de 15 de março. A medida é mais um esforço para conter o avanço da quarta onda da pandemia que assola o continente europeu.

Nesse sentido, o governo da Áustria também anunciou que vai impor multas de até 3,6 mil euros (R$ 22,6 mil) para maiores de 14 anos que se recusarem a tomar as vacinas contra a covid-19, que passará a ser obrigatória no país em fevereiro.

Por outro lado, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, apelou para que a vacinação obrigatória seja adotada apenas em último caso. Ele disse que, primeiro, os governos devem tentar sensibilizar a população para a importância da imunização. “A obrigatoriedade em relação à vacina é um último recurso absoluto e aplicável apenas quando todas as opções viáveis para melhorar as taxas de vacinação tiverem sido esgotadas”, declarou.

Covid no Brasil

Hoje, o Brasil registrou mais 234 mortes pela covid-19, com pequeno aumento em relação ao dia anterior, quando foram computadas 203 vítimas da doença. O total de óbitos chegou a 616.691 desde o início do surto da doença no país, em março de 2020. Por outro lado, foram registrados mais 7.765 casos confirmados nas últimas 24 horas, de acordo com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 16% a menos do que no dia anterior, chegando perto de 22,2 milhões. Até o momento, 65,09% da população brasileira está totalmente imunizada, com duas doses ou dose única.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass