NEGACIONISMO MATA

Covid-19: ‘quarta onda’ na Europa é resultado da lentidão na vacinação e fim das restrições

Apesar de ampla ofertas de imunizantes, continente europeu sofre com negacionistas e cobertura vacinal insuficiente

Antonio Cartoni
Antonio Cartoni
Áustria anunciou, nesta sexta-feira (19), que um novo lockdown será instaurado no país a partir de segunda-feira (22)

São Paulo – A pandemia de covid-19 chegou a uma possível “quarta onda” na Europa. Alemanha, França, Dinamarca, Áustria e países do Leste Europeu já apresentam aumento significativo de casos e mortes pela doença. Relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na última quarta-feira (17), estima em 5% o aumento de óbitos associados à covid-19 no continente, durante a última semana.

O chanceler austríaco, Alexander Schallenberg, anunciou, nesta sexta-feira (19), que um novo lockdown será instaurado no país a partir de segunda-feira (22). A medida atingirá toda a população, incluindo os imunizados contra o coronavírus. A vacinação contra a doença será obrigatória a partir de 1º de fevereiro de 2022 .

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), atribui esta “quarta onda” na Europa a três fatores: lentidão na vacinação, antecipação da flexibilização de medidas não-farmacológicas e a chegada da variante Delta.

“A vacinação precisaria ser mais elevada, pois ainda é insuficiente. Eles também experimentaram a falsa sensação de fim da pandemia e, ao liberar tudo, o vírus volta a circular. A terceira causa é a chegada da variante Delta”, explica ele, em entrevista a Glauco Faria.

Quarta onda na Europa

A OMS já reconhece que a Europa é o atual epicentro da pandemia. Além do abandono de medidas de proteção, como distanciamento social, pesam os negacionistas. Mesmo com ampla oferta de vacinas, a Alemanha, por exemplo, tem apenas 68,8% da população totalmente vacinada e 72% com a primeira dose.

Ainda na última quarta-feira (17), a Alemanha bateu o recorde de casos registrados em 24 horas. Foram 52.826 novos infectados no período. Também foram notificadas 294 mortes, de acordo com o Instituto Robert Koch, ligado ao governo. Recordes de infecções e mortes também foram registrados na Rússia e na Áustria.

A média móvel de mortes atingiu seu maior índice na Bulgária, na semana passada, chegando a 1.186. Mais de 90% das vítimas não estavam vacinadas. Na vizinha Romênia, o pico parece ter passado, mas a média de mortes estacionou em um platô elevado: 300 pessoas por dia.

Para Vecina, apesar de o Brasil ter melhorado seus índices, a crise sanitária só terminará quando o vírus deixar de circular em outros países também. “Não adianta só reduzir os casos do Brasil. Enquanto a covid-19 continuar rondando outros locais, há a possibilidade de surgirem novas variantes e começar tudo de novo. É fundamental continuarmos a vacinação em duas doses e, assim que possível, aplicar a terceira“, defende.

Confira a entrevista


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