Nova onda

Reinfecção por covid-19 não descarta eficácia de vacinas, afirma virologista

Pesquisador da USP avalia reinfecção por covid-19, que teve casos em Hong Kong, Bélgica e Holanda. Para ele, importante é que sintomas voltam mais leves

NIAID
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São Paulo – Hong Kong, Bélgica e Holanda confirmaram, entre ontem (24) e hoje, casos de reinfecção por covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Embora já tenham sido registrados casos anteriores de reinfecção por todo o mundo, agora está oficializado: a covid-19 pode infectar a mesma pessoa mais de uma vez.

A primeira notícia de ontem sobre o tema veio de Hong Kong. Um paciente de 33 anos foi contaminado em março, chegou a ser internado e, em abril, teve alta e não apresentou mais nenhum dos sintomas. Dois testes PCR (com maior índice de acerto) foram realizados e atestaram que o homem estava livre da covid-19. Entretanto, no dia 15 de agosto, ele voltou a apresentar sintomas e os exames comprovaram que ele havia sido infectado novamente, desta vez durante viagem pela Espanha.

O virologista e pesquisador da Plataforma Científica Pasteur, da USP, Luiz Henrique Bentim Góes comentou sobre a reinfecção da covid-19 em entrevista para o jornalista Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, da Rádio Brasil Atual. “Este é um achado interessante mas, no meu ponto de vista, nada fora do normal. Uma vez que uma pessoa adquire imunidade, não significa que a pessoa nunca mais será infectada”, disse.

Gravidade e transmissão

Existem registros em estudo de reinfecção, inclusive no Brasil. Em geral, espera-se que um eventual retorno da doença seja menos problemático do que da primeira vez. “Uma reinfecção implica um quadro menos severo. No caso desse paciente, a primeira infecção dele foi com sintomas leves e, nesta reinfecção, ele sequer apresentou sintomas. A imunidade pode ter relação sobre o controle mais rápido”, disse Luiz Henrique.

Outro ponto levantado pelo cientista é a capacidade de transmissão em casos de reinfecção. “Uma pessoa que apresenta a primeira infecção tem uma resposta imunológica. Agora, ela sendo reinfectada, a tendência é que ela elimine o vírus mais rapidamente e logo, o período em que ela pode ser infectante, que pode transmitir o vírus, é mais curto. Não podemos tomar nenhum tipo de decisão precipitada, precisamos analisar os dados com calma”, completou.

Os fatores apontados pelo cientista tranquilizam sobre a possibilidade da criação de vacinas eficazes. Uma das questões sobre as vacinas é, justamente, o período de imunização que ela pode proporcionar. Tais questões são relevantes e essenciais, já que a comunidade científica está lidando com um vírus novo, com pouca história de circulação entre humanos. “As gripes endêmicas que causam resfriados comuns também têm casos de reinfecção. Nosso sistema imunológico monta uma resposta curta, de quatro meses a um ano. Novamente, não espanta. Acho interessante o dado de Hong Kong, mas ao mesmo tempo fico tranquilo de saber que na reinfecção o paciente não apresentou quadro sequer similar ao primeiro”, completou.


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