Pandemia

Coronavírus: Santos tem incidência cinco vezes maior que a média nacional

Na quarta-feira (15), eram 623 casos confirmados a cada milhão de habitantes, enquanto a média nacional chegava a 119

Diego Silvestre/Wikimedia Commons
Diego Silvestre/Wikimedia Commons
Vista aérea da cidade de Santos: índice de incidência de coronavírus preocupa especialistas

São Paulo – A cidade de Santos, no litoral paulista, tem um coeficiente de incidência do coronavírus cinco vezes maior do que o índice nacional, segundo dados oficiais sobre a pandemia organizados pela prefeitura local até quarta-feira (15). Àquela altura, eram 623 casos confirmados a cada milhão de habitantes. O índice do estado de São Paulo chegava a 227 confirmações por milhão de pessoas e, no Brasil, a 119 casos por milhão.

A proporção de óbitos por habitante também era elevada, de acordo com os dados oficiais, com um índice de 41,54, superior à região da Baixada Santista (16,62), do estado (16,84) e do país (7,22). O índice de letalidade chegava a 6,7% de mortes, percentual maior que a média nacional, 6,1%, e menor que o do estado de São Paulo, 7,4%.

“Mais importante que os casos são os óbitos, 22, proporcionalmente, nos põe na mesma situação de Hubei, na China”, diz o médico infectologista Marcos Caseiro, aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria no Jornal Brasil Atual de sexta-feira (17). Ele faz referência à província chinesa onde foi registrado o início da pandemia de covid-19, que tem pouco mais de 58 milhões de habitantes, com 67.803 casos confirmados, 64 mil recuperados e 3.212 mortes até a manhã deste sábado.

Caseiro também contraiu o coronavírus e teve que cumprir um período de quarentena após um quadro em que teve sintomas brandos da covid-19, retornando ao trabalho no Hospital Emílio Ribas, no Guarujá, na noite de ontem. Para ele, o crucial neste momento é a prevenção. “A situação é grave e o que a medicina tem nesse momento é o isolamento social como única medida para conter o avanço dessa epidemia.”

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‘Rodízio humano’

Na cidade de Praia Grande, também da Baixada Santista, o prefeito Alberto Mourão (PSDB) disse em entrevista a uma emissora de televisão local que analisa a ideia de implementar na cidade um “rodízio humano” como forma de aumentar a restrição de circulação de pessoas e reduzir a possibilidade de contágio do coronavírus.

“A explicação é bastante simples. Para ir ao supermercado, por exemplo, poderíamos dividir as pessoas em uma tabela. Na segunda-feira, das 7h às 11h, o grupo com final 0 e 1 de RG estará liberado para frequentar o supermercado. Das 11h às 15h, o grupo com final 2 e 3, e no terceiro turno, o grupo 5 e 6. Assim por diante. A ideia é permitir que cada pessoa possa ir no supermercado duas vezes por semana, por exemplo”, disse, em entrevista à TV Tribuna.

Mourão afirma que a iniciativa poderia reduzir em 80% o fluxo de pessoas nas ruas, e a fiscalização seria feita por comerciantes e pela polícia, com aplicação de multa em caso de desrespeito à medida.