Coronavírus

São Paulo perdeu 559 profissionais de saúde desde o início da epidemia

Afastamentos foram por motivos de saúde, mas não há informação se foram infecções por coronavírus. Profissionais de saúde de hospitais afastados foram 154

Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Situação de abandono dos profissionais de saúde pode estar relacionada com o crescimento dos afastamentos

São Paulo – A rede de saúde da capital paulista perdeu 559 trabalhadores, nos últimos 15 dias, por motivos de saúde. Não há informações sobre casos de coronavírus entre os profissionais de saúde afastados, mas o aumento do número de licenças de saúde bate com o período de avanço da epidemia em São Paulo.

Considerando apenas os 11 hospitais geridos pela Autarquia Hospitalar Municipal (AHM), foram 154 servidores da saúde afastados nos últimos 15 dias. Os dados foram organizados pelo Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) e se referem aos hospitais municipais, prontos-socorros, Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs) e a sede da autarquia.

O sindicato usou o Diário Oficial do Município para levantar as informações. Foram encontradas 915 publicações referentes a licenças médicas com início entre os dias 1º e 28 de março. Já desde o início do mês houve número significativo de afastamentos: 356. Depois do dia 15, porém, houve uma explosão de afastamentos de profissionais de saúde, por 14 ou 15 dias, justamente quando começaram circular as recomendações de isolamento para casos suspeitos de coronavírus. Entre a primeira e a segunda quinzena o número de afastamento de servidores subiu 57%, de 356 para 559 afastamentos, com a maioria dos casos sendo de 14 e 15 dias.

Considerando apenas os 11 hospitais municipais da autarquia, foram 154 afastamentos de profissionais de saúde nos últimos 15 dias. A pior situação é no Hospital Municipal do Tatuapé, que registra muitos casos de coronavírus, com 44 trabalhadores da saúde afastados. Depois vem o Hospital do Campo Limpo, com 23 casos, seguido pelo Hospital Ermelino Matarazzo, com 15 profissionais afastados. Para o Sindsep, a situação é resultado da falta de cuidado do governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) com a segurança dos profissionais de saúde. O governo Covas não se manifestou sobre o caso.

Há duas semanas, o sindicato vem recebendo denúncias por relatos, imagens ou vídeos, de médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da saúde atuando sem os equipamentos de proteção individual no atendimento de casos suspeitos ou confirmados de coronavírus. Além de máscaras, luvas, álcool em gel, também estão em falta os protetores faciais, gorros e equipamentos para o corpo todo. Aventais e macacões impermeáveis não têm sido recebidos em número suficiente para estes profissionais.

“O Sindsep também questiona a condução das políticas de saúde pública feitas distantes das linhas de frente do atendimento à população. As ações da prefeitura e governo do estado tem sido baseadas muito mais em imagens midiáticas de drones de hospitais de campanha (administrados por entidades privadas), que ainda não atendem ninguém, do que nos serviços públicos que nesse momento estão atendendo e tratando efetivamente da população da cidade de São Paulo, sem equipamentos de proteção e com um número reduzido de profissionais”, diz o sindicato.

O sindicato tem reivindicado que todos os trabalhadores na saúde tenham os equipamentos de proteção básicos, como viseira, máscara e avental, em quantidade suficiente para evitar a contaminação. Já os profissionais que atuam em alas onde é realizado o atendimento dos casos confirmados, seja enfermaria ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI), precisam também de máscaras N95, gorros e macacão impermeável. A capital paulista registrou hoje (31) 1.517 pessoas infectadas por coronavírus, com 113 mortes. No país, até ontem (30), são 4.579 casos e 159 mortes.

O Sindsep produziu um vídeo para defender os profissionais de saúde: