São Paulo

Covas quer esconder situação dos trabalhadores da saúde, diz sindicato

Prefeitura de São Paulo proibiu a utilização de celulares por trabalhadores da saúde nas áreas de atendimento a pacientes com coronavírus

Sindsep
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Trabalhadores da saúde que atuam com casos suspeitos ou confirmados de coronavírus não recebem equipamentos adequados

São Paulo – Após centenas de trabalhadores da saúde na capital paulista denunciarem a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados de infecção por coronavírus, o governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) determinou a proibição do uso de celulares em áreas de atendimento a esses casos e de fazer fotos ou filmagens com uso do material de proteção. A determinação consta de circular interna do Comitê de Crise Intra-Hopsitalar do Hospital Tide Setúbal, que informa a aquisição de novos EPIs, mas sem informar a data da entrega aos trabalhadores.

Para o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, o objetivo da prefeitura é esconder a situação de risco a que estão submetidos os trabalhadores da saúde nos hospitais municipais. “O objetivo é esconder a realidade das unidades de saúde. Tomaram essa medida para evitar que as pessoas divulguem o que está acontecendo dentro dos hospitais, nas unidades de saúde, na assistência social. Enquanto isso, na linha de frente, atendendo a população, servidores públicos trabalham com falta de equipamentos de proteção individual”, disse Antiqueira.

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Há duas semanas, o Sindsep vem recebendo denúncias por relatos, imagens ou vídeos, de médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da saúde atuando sem os equipamentos de proteção individual no atendimento de casos. Além de máscaras, luvas, álcool em gel, também estão em falta os protetores faciais, gorros e equipamentos para o corpo todo. Aventais e macacões impermeáveis não têm sido recebidos em número suficiente para estes profissionais atenderem os pacientes de coronavírus.

O Ministério da Saúde orienta que os trabalhadores da saúde que atendem casos suspeitos ou confirmados de coronavírus devem estar paramentados com gorro, óculos de proteção ou protetor facial, máscara, avental impermeável de mangas longas e luvas de procedimento. Mas dezenas de trabalhadores relataram ao Sindsep a quase inexistência de gorros ou aventais impermeáveis, além de materiais descartáveis que são usados por longos períodos. Em alguns casos, um mesmo equipamento tem de ser emprestado entre profissionais.

Trabalhadores da saúde mostram que equipamentos não protegem contra o coronavírus

O sindicato reivindica que todos os trabalhadores na saúde tenham os equipamentos de proteção básicos, como viseira, máscara e avental, em quantidade suficiente para evitar a contaminação. Já os profissionais que atuam em alas onde é realizado o atendimento dos casos confirmados, seja enfermaria ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI), precisam também de máscaras N95, gorros e macacão impermeável. A capital paulista registrou hoje (30) 1.451 pessoas infectadas por coronavírus, com 98 mortes. No país, são 4.579 casos e 159 mortes.

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Por conta da falta de paramentação adequada, o sindicato já registrou 43 casos de trabalhadores da saúde com suspeita ou confirmação de infecção por coronavírus, afastados de hospitais ou de outras unidades de saúde. O Hospital Vila Maria (Vermelhinho), com 30 pessoas afastadas, o Hospital do Campo Limpo e o Hospital do Tatuapé, com 10 pessoas afastadas cada um, são os que concentram mais casos. Houve ainda uma morte de um enfermeiro do Tide Setúbal.

O governo Covas alega que os equipamentos não são para todos os profissionais, mas para aqueles que atuam em urgência e emergência. Também informou que já realizou a compra de 5 milhões de máscaras cirúrgicas e 1 milhão de máscaras N95, além de outros materiais, que serão entregues às unidades. A prefeitura também estuda aplicar o confisco de EPIs produzidos no município para atender a rede de saúde.


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