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Três em cada dez bebês com menos de 2 anos tomam refrigerante, diz IBGE

Pesquisa mostra também que oito em cada dez idosos precisam de ajuda para realizar tarefas

CC0 Public Domain / Gellinger

Brasília – Quase 70% das crianças com menos de 2 anos de idade comiam biscoitos, bolachas ou bolo e 32,3% tomavam refrigerante ou suco artificial, em 2013, informa a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada hoje (21), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Metade das que tinham nove meses ou mais estava em aleitamento materno de modo complementar. Foram consultados 64 mil domicílios no estudo, feito em parceira com o Ministério da Saúde.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, considerou preocupante o percentual de bebês brasileiros cujos pais mostram desconhecimento sobre os riscos a que submetem seus filhos. “Está havendo uma substituição importante do padrão de alimentação das crianças, que já se reflete na população adulta e que precisa ser revertida”, disse o ministro.

Chioro afirmou que vê com preocupação os dados sobre obesidade e sobrepeso da população, mas considerou especialmente preocupante as informações sobre os hábitos alimentares de crianças: “Isso projeta, se não tivermos efetividade nas políticas de prevenção e promoção, um cenário de enfrentamento de sobrepeso e obesidade que trarão uma carga de doenças extremamente importantes e significará que nossa população envelhecerá sem qualidade de vida”.

O ministro defendeu que o combate a esse problema deve passar por uma resignificação “do momento da refeição” e também pelo incentivo à prática diária de atividade física, incluindo não apenas esportes, mas caminhadas, danças e subir escadas, por exemplo.

“Por isso que nós valorizamos demais a agricultura familiar, local, regional e a utilização das frutas de estação, porque podem substituir esses alimentos ultraprocessados, extremamente industrializados e que não fazem bem à saúde, por alimentos saudáveis e disponíveis a baixo custo”, disse ele, que acrescentou: “Isso significa retomar hábitos alimentares que a população brasileira sempre teve e que devem ser valorizados”.

Chioro avaliou que, diferente do que acontecia no passado, o problema não é falta de oferta de serviços no sistema de saúde, mas sim a necessidade de construir e incorporar hábitos mais saudáveis.

“Se não fizermos rapidamente uma inversão, assumiremos um padrão de obesidade e de uma carga de doenças que alguns países como Estados Unidos e México já apresentam, com deletérios impactos sobre a saúde, os sistemas de saúde e a qualidade de vida da população”.

Básicos

Cerca de 76% das crianças com menos de 1 ano de idade tomaram pelo menos três doses da vacina tetravalente – que imuniza contra tétano, difteria, coqueluche e meningite. O percentual indica que – um em cada quatro bebês. com menos de 1 ano – não foi imunizado para essas doenças. A Região Sul registrou imunização mais elevada do que a média nacional (85,3%) e a área rural teve proporção superior à urbana (83,3% e 74,3% respectivamente).

A primeira consulta médica após o nascimento deve ser feita no período de até sete dias, como recomenda o Ministério da Saúde. No entanto, apenas 28,7% das crianças com menos de 2 anos foram consultadas pela primeira vez antes do oitavo dia após o nascimento. As unidades básicas de saúde foram os locais mais frequentes de atendimento (46,5%), seguidas de unidades particulares (26,4%) e hospitais públicos ou ambulatórios (16%).

Os testes do pezinho, da orelhinha e do olhinho para detectar precocemente doenças metabólicas, genéticas e infecciosas foram realizados pela maioria dos bebês menores de 2 anos no país. Cerca de 71% das crianças nessa faixa etária fizeram o teste do pezinho em 2013. Já o teste da orelhinha foi feito em 56% dessa população no primeiro mês de vida. Cerca de 51% dos bebês com menos de dois anos fizeram o teste do reflexo vermelho – do olhinho.

Antonio Cruz/Agência Brasil
Quase 18% dos que recebiam ajuda pagavam pelos cuidados e quase 79% recebiam cuidados de parentes

Idosos

Cerca de 6,8% das pessoas com 60 anos ou mais de idade tinham algum tipo de limitação funcional, como comer, tomar banho, vestir-se ou ir ao banheiro. A pesquisa também verificou que 84% desse grupo, que representava cerca de 13% da população brasileira no período estudado, precisavam de ajuda para realizar tarefas. E 10,9% não tinham ajuda. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada hoje (21), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quase 18% dos que recebiam ajuda pagavam pelos cuidados e quase 79% recebiam cuidados de parentes. No grupo que tinha 75 anos ou mais, 15,6% tinham alguma limitação funcional.

O estudo também investigou limitações para exercer atividades que chamaram de instrumentais da vida diária, como fazer compras, cuidar do próprio dinheiro, tomar medicamentos e utilizar meios de transporte. Foi constatado que 17,3% das pessoas com 60 anos ou mais tinham limitação funcional para exercer essas atividades, sendo a maioria de mulheres. A Região Nordeste apresentou a maior proporção nesse indicador, 22%.

Segundo a pesquisa, quanto maior o nível de instrução menor é a proporção de pessoas com algum tipo de limitação. Quase 28% dos idosos sem instrução tinham limitação funcional para atividades instrumentais. No grupo com ensino fundamental incompleto, o percentual dos que tinham limitação funcional era quase 16%. O percentual dos que tinham o fundamental completo ou mais anos de estudo era 7,9%.

Em 2013, somente 24,4% das pessoas com 60 anos ou mais participavam de atividades sociais organizadas, como clubes, grupos comunitários ou religiosos. A Região Nordeste registrou a menor proporção desse indicador (21%). As mulheres participavam mais dessas atividades (28,1%) do que os homens (19,8%).

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