Tirania premiada?

Filho do jornalista Vladimir Herzog lança petição pública na internet para que aliado do regime que matou seu pai não seja contemplado com o título de ‘anfitrião’ da Copa de 2014

Marin, atual presidente da CBF: discurso elogiando o torturador Sérgio Paranhos Fleury (Foto: José Cruz/ABr)

Filho do jornalista Vladimir Herzog lança petição pública na internet para que aliado do regime que matou seu pai não seja contemplado com o título de ‘anfitrião’ da Copa de 2014

Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura, em 1975, lançou em 18 de fevereiro uma petição na internet (www.avaaz.org) que pede o afastamento de José Maria Marin da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Documentos da Assembleia Legislativa de São Paulo atestam que, na década de 1970, o atual presidente da CBF proferiu um discurso com críticas à ausência da TV Cultura na cobertura de um evento do governo de exceção. Marin era deputado estadual pela Arena, partido de sustentação da ditadura. Em sua fala, exigia “providência” em relação ao jornalismo praticado pela emissora para que a “tranquilidade” fosse recuperada no estado. Dezesseis dias depois, Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da emissora, foi preso. Acabou assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI- Codi).

Segundo Ivo, o discurso foi um dos fatores que levaram seu pai à morte. “Um ano depois, Marin fez discurso na Assembleia Legislativa em que tecia elogios de herói ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, famoso torturador e sequestrador de presos políticos. É inaceitável que essa pessoa, com esse passado, seja anfitrião do maior evento esportivo do Brasil”, disse Ivo ao programa matutino da Rádio Brasil Atual. “Não podemos julgar essas  pessoas, porque o país tem uma Lei de Anistia torta, mas que pelo menos não se crie uma grande festa da qual ele seja o grande representante. Estamos pagando por essa Copa. Estamos pagando pela festa de José Maria Marin”, protestou. Ouça a reportagem de Marilu Cabañas.

Legislativo inócuo

O analista político Paulo Vannuchi considerou “intolerância política” o tratamento dado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao Poder Legislativo do estado. O veto a projetos aprovados pelos parlamentares é uma prerrogativa do chefe do Executivo. Entretanto, Alckmin abusou: 621 assuntos aprovados pela Assembleia Legislativa paulista foram barrados pela caneta do governador. Segundo Vannuchi, há excessiva partidarização no trato de projetos como o que restringe a publicidade infantil de alimentos, por exemplo, recentemente vetado. “Dentro da democracia, é legítimo discordar, mas discordância não pode ser transformada em guerra sectária que impeça avanços nas políticas públicas”, apontou Vannuchi. http:// bit.ly/radio_vetos