Silêncio e adiamento marcam depoimentos sobre mensalão do DEM no Distrito Federal

Justiça do Distrito Federal nega recurso que pretendia reconduzir ao cargo de presidente o deputado flagrado colocando dinheiro nas meias

Decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, assegurou a Marcelo Toledo o direito de permanecer em silêncio durante depoimento à PF (Foto: Wilson Dias. Agência Brasil)

O homem apontado como arrecadador de dinheiro do esquema de pagamento de propinas no Distrito Federal valeu-se de liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) para responder apenas o que desejou durante o depoimento desta terça-feira (19). O policial civil aposentado Marcelo Toledo Watson ficou durante 15 minutos com o delegado Alfredo Junqueira, da Polícia Federal, que o questionou sobre a Operação Caixa de Pandora.

A expectativa da defesa de Watson é conseguir o benefício da delação premiada, que prevê redução de pena para aqueles que colaboram com investigações. O advogado Raul Livino informou que, em 30 dias, seu cliente deve prestar novo depoimento.

Quem conseguiu adiar sua ida ao interrogatório foi o ex-chefe de gabinete do governador José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido). Fábio Simão ganhou mais tempo para analisar o inquérito da Operação Caixa de Pandora, que revelou o esquema que envolvia o governador, o vice e deputados distritais, além de secretários de governo.

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, recebeu nesta terça a visita do deputado distrital Paulo Tadeu (PT), que foi solicitar autorização para que o ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda seja ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Codeplan. Durval Barbosa, inserido no Programa de Proteção à Testemunha, precisa do aval da PF para que compareça à CPI montada na Câmara Legislativa para investigar a participação de empresas no plano de corrupção.

O parlamentar Paulo Tadeu deixou nas mãos dos policiais a marcação de data e local para o depoimento, admitindo que a Casa não tem segurança para abrigar a conversa com Barbosa. Ele entende que o ex-secretário é o ponto mais importante para conseguir novas revelações sobre o esquema conhecido como “Mensalão do DEM”.

Recurso e críticas

A Procuradoria da Câmara Legislativa do Distrito Federal ingressou com recurso no Tribunal de Justiça local contra a decisão que determinou o afastamento do deputado Leonardo Prudente (ex-DEM, sem  partido) da presidência da Casa.

A medida foi proferida na segunda (18) pelo juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal, Álvaro Ciarlini, que considerou válida uma ação popular e determinou multa de R$ 100 mil para cada dia de descumprimento. No fim da tarde, o Tribunal de Justiça negou o recurso. O desembargador Nívio Gonçalves argumentou que o afastamento de Prudente não provocará prejuízos à Câmara Legislativa.

“O regimento interno daquela Casa tem mecanismo próprio para salvaguardar eventual afastamento do presidente da Câmara Legislativa em qualquer hipótese, restando, por isso, claro que a decisão atacada não tem o condão de provocar prejuízo às atividades do Poder Legislativo distrital, que há pouco, inclusive, era chefiado pelo vice-presidente. Não vislumbro, pelo menos no presente momento, qualquer violação à ordem pública a ser corrigida por meio do remédio excepcional”, afirmou Gonçalves.

O deputado Leonardo Prudente é apontado como um dos beneficiados pelo esquema de pagamento de propina comandado por Arruda. Ele ficou famoso porque, em um dos vídeos divulgados pela Polícia Federal, aparece colocando dinheiro nas meias e nos bolsos do terno.

A líder do PT na Câmara Legislativa, Érika Kokay, havia criticado o recurso apresentado ao TJ. “A procuradoria deve defender a Câmara institucionalmente. Ao nosso ver, a Câmara não foi atacada pela decisão do Judiciário. [A procuradoria] não está defendendo o Poder Legislativo”, afirmou.

Com informações da Agência Brasil.