Sucessão no Legislativo

Sexta-feira é decisiva para definição de apoios a candidaturas no Congresso

Na Câmara, expectativa se dá em relação à retirada de votos para Delgado. No Senado, aliados de Renan cobram do PMDB reforço oficial à sua recondução à presidência

Valter Campanato/ Agência Brasil (30/10/2013)

Paulo Teixeira (PT-SP) diz que “as pessoas vão se surpreender com a receptividade que o Chinaglia recebeu”

Brasília – A eleição para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal será realizada no domingo (1º), mas esta sexta-feira (30) está sendo considerada dia decisivo para definição dos apoios às candidaturas apresentadas até agora.

Na Câmara, toda a movimentação está em torno do PSDB, que ficou de fazer uma reunião para impedir que parlamentares da legenda descumpram o compromisso de apoiar o candidato socialista, Júlio Delgado (MG), para apoiar o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). Já no Senado, existe a expectativa de ser feita uma ação entre os peemedebistas para reforçar o apoio do partido à recondução de Renan Calheiros (AL), depois que o senador Luiz Henrique (SC), do mesmo partido, resolveu também lançar seu nome à disputa.

Já a preocupação em torno do PSB na Câmara se dá tanto para com os integrantes do partido, como também em relação aos peemedebistas e petistas. E tomou outra dimensão depois que o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), admitiu a possibilidade de Júlio Delgado retirar sua candidatura – diante da intenção velada de tantos integrantes da legenda e dos partidos que o apoiam (PSDB, PPS e PV) em votar em Eduardo Cunha.

Com o objetivo de evitar um confronto, informações de parlamentares do PSDB são de que o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (PSDB-MG) entrou em campo nesta quinta-feira (29) para se reunir com vários deputados hoje (30), no intuito de garantir a unidade em torno de Delgado.

Desde o início da semana, os comentários que circulam na Casa são de que existiria um empate técnico entre Cunha e o candidato do PT, Arlindo Chinaglia. Além dos dois e de Júlio Delgado, também concorre à vaga, pelo PSol, o deputado Chico Alencar (RJ).

Apoio do PMDB

Por outro lado, no Senado, os rumores entre os aliados de Renan Calheiros são de que como o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, elaborou com a executiva uma carta no início de janeiro em apoio ao nome de Eduardo Cunha para a Câmara, está na hora de ser feito o mesmo em relação à recondução de Renan ao Senado.

O atual presidente tem adotado uma postura discreta em relação ao tema na mídia, mas nos últimos dias se articulou bastante entre os colegas e informações de bastidores são de que ele espera ter ao menos 50 dos votos do total de senadores (81).

Mas a preocupação com uma ruptura por parte da ala do PMDB que apoia Calheiros com a candidatura de Luiz Henrique é nítida, assim como por parte da base aliada do governo, que não descarta a opção pelo senador catarinense. Isso, em grande parte, em razão de possíveis desgastes a serem enfrentados pelo atual presidente do Senado, caso seu nome venha a ser citado, posteriormente, entre os políticos envolvidos na operação Lava Jato – possibilidade que tem sido levantada.

A reunião a ser marcada entre os peemedebistas seria, portanto, segundo dois senadores ouvidos pela RBA, uma espécie de “acerto de contas” com Temer e reforço de compromissos firmados anteriormente entre Renan e o vice-presidente.

Enquanto o cenário começa a ser melhor delineado, os deputados e senadores divergem sobre como será o resultado das duas disputas. Para um deputado que tem mais de 20 anos de experiência parlamentar, quem deve ser o presidente da Câmara é Eduardo Cunha.

“Não é porque Chinaglia não esteja preparado, mas por uma questão de contexto. O pessoal está chateado, acha que não é ‘ternurado’ pela presidenta Dilma. E votar no Cunha significa ter o poder nas mãos para ser procurado sempre que o governo precisar negociar alguma matéria”, avalia.

Já o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) diz que está havendo um movimento no sentido contrário. “As pessoas vão se surpreender com a receptividade que o Chinaglia recebeu nos últimos dias das outras legendas da base. A candidatura do Cunha foi lançada muito antes e isso o desgastou. A de Chinaglia foi lançada na hora certa e teve um bom crescimento. Estamos confiantes”, acentua.

No Senado, onde Calheiros evita falar, o senador Luiz Henrique ressalta que seu nome representa uma candidatura “institucional”, que ele não deixará de dialogar com o governo caso seja eleito e que confia numa surpresa para o próximo domingo. É nesse clima que deputados e senadores se antecipam para chegar dois dias antes da posse a Brasília. Para acertarem os ponteiros entre suas bancadas e garantir, de fato, como vão se posicionar na hora “H”.