Serra aposta agora em taxar Dilma de ‘caixa-preta’

Um dia depois de afirmar que não falaria mais sobre violações na Receita, candidato foca entrevista no tema e chama Dilma de “candidata oculta”

Serra busca associar caso de violações a candidatura de Dilma (Foto: Nacho Doce/Reuters)

São Paulo – O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou nesta quarta-feira (8) que o PT aposta em uma candidatura “caixa-preta”, referindo-se ao instrumento utilizado em aviões para guardar o histórico de comunicações durante o voo. A declaração foi feita em atividade de campanha no Anhembi, zona norte da capital.

Na terça-feira (7), Serra havia dito que não falaria mais sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos e de pessoas próximas a ele. Um dia depois, deixou de lado a promessa e se concentrou no assunto por boa parte de sua entrevista coletiva a jornalistas. Novamente, o tucano falou que não tem interesse eleitoral ao explorar o episódio, embora tenha feito afirmações sobre o caso ao longo de mais de dez dias.

“Este crime vai além desta questão pessoal. Esse episódio envolve toda a nossa sociedade, todo o Brasil. O que está sendo quebrado é um preceito constitucional que garante às pessoas a sua intimidade”, insistiu.

O candidato evitou confirmar diretamente que tenha gravado resposta ao presidente Lula. “No programa eleitoral eu falo com a população brasileira”, disse. Lula foi ao horário eleitoral de Dilma Rousseff afirmar que o PSDB aposta na baixaria ao utilizar a questão da Receita Federal na campanha. “Ela não aparece em debates, não confraterniza com o povo, não expõe ideias, oculta seu passado e terceiriza seus ataques”, golpeou. Para Serra, Dilma “não tem condições de falar por si próprio. Nem de atacar”.

O jornal O Estado de S. Paulo divulgou, nesta quarta, em sua página na internet, que o sigilo fiscal do genro de Serra, Alexandre Bourgeois, também foi violado. De acordo com o jornal, o acesso ocorreu oito dias depois da declaração de Imposto de Renda de Verônica, também na agência de Mauá, região metropolitana de São Paulo.

O candidato novamente afirmou que a filha dele é uma mulher que nunca teve envolvimento com política e que “trabalha duro”. “Não têm (Verônica e Alexandre) nada a ver com política, com atividades do governo, nenhum tipo de envolvimento. São agredidos de maneira criminosa para beneficiar a candidata Dilma”, reiterou.

Assinaturas para CPI

Em Brasília, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) iniciou nesta quarta-feira (8) a coleta de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar a Receita Federal e as violações de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra. Para ele, há “quadrilhas encrostadas” na Receita Federal.

O deputado, que é candidato a senador por seu estado e aliado de Serra, reconheceu que o recesso branco no Congresso por conta das eleições deve atrapalhar a busca por assinaturas. Para a instalação de uma CPI mista são necessárias as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores.

“É difícil, vai ser lento, mas precisa começar”, disse o parlamentar à Reuters. Ele afirmou que a coleta está sendo feita nos estados, por meio de contatos com lideranças das oposições nas unidades da federação e que, por hora, ainda não é possível saber quantos parlamentares já assinaram o requerimento. Jungmann disse ainda que somente entre uma semana e 10 dias poderá ter um saldo da adesão de deputados e senadores à iniciativa.

O deputado sinalizou que, se criada, a CPI poderia incluir a suposta pressão sobre a ex-secretária da Receita, Lina Vieira, por parte da então ministra-chefe da Casa Civil e atual candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

 

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