Serra admite ‘más companhias’ e não quer ser oposição

Serra, em entrevista ao Programa 3 a 1 da TV Brasil, quando fez elogios a Lula (Foto: Ana Paula Oliveira/Divulgação) São Paulo – O candidato à presidência da República José […]

Serra, em entrevista ao Programa 3 a 1 da TV Brasil, quando fez elogios a Lula (Foto: Ana Paula Oliveira/Divulgação)

São Paulo – O candidato à presidência da República José Serra (PSDB) admitiu nesta quinta-feira (22) ter, entre seus aliados, figuras que poderiam ser consideradas “más companhias”. No entanto, acusou Dilma Rousseff (PT), sua principal adversária, de ganhar “disparado” no quesito. Ele ainda rechaçou o título de candidato oposicionista. As afirmações foram feitas no programa 3 a 1, da TV Brasil, que vai ao ar pela emissora pública às 22h desta quinta.

Desde quarta (21), a TV promove uma rodada de entrevistas com os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas – Dilma Rousseff (PT) abriu a série e Marina Silva (PV) a encerra nesta sexta (23). A definição da ordem das entrevistas ocorreu por meio de sorteio.

Para Serra, Lula é o responsável por um “governo forte” e que os programas sociais, como o Bolsa Família, são positivos na divulgação da imagem do país no exterior. “O governo Lula é forte pelo prestígio do presidente, mas, no Congresso, é fraco. O governo é popular por causa do presidente, não é porque tem uma base no Congresso. No Congresso, é fraco”, avaliou.

Apesar de atualmente se afirmar favorável à expansão dos programas sociais – a que chamou de “bolsas”, em alusão ao Bolsa Família.

Participaram da entrevista os jornalistas Tereza Cruvinel, diretora-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), João Bosco Rabello, diretor da sucursal de O Estado de S.Paulo em Brasília, e Luiz Carlos Azedo, colunista do Correio Braziliense.

Más companhias

O questionamento sobre apoios “indesejáveis” foi feito a respeito da posição do candidato do PSC ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz, alvo de pedidos de impugnação por pendências judiciais. “É um pouco difícil a gente estar comparando quem tem quem (como aliado). Em um torneio, a candidata do governo ganha disparado em matéria de más companhias”, esquivou-se Serra.

Não sou oposição

“Eu não sou candidato da oposição, eu sou o candidato do ‘pode mais’, do ‘dá pra fazer’.”

Candidato da mudança

“Pensem, por favor, que seu voto pode ajudar a mudar. Procura ver em quem você vai votar. Não votar ajuda os piores. Vamos fazer um esforço importante. Vamos comparar. Sou um otimista em relação ao Brasil. O Brasil avançou muito. A gente tem de pegar o bastão de onde está e dá para melhorar. O Brasil pode mais. Sou candidato do ‘pode mais e dá para fazer’”, declarou.

Nomeações políticas

Serra disse que há uma “gula” de partidos políticos por cargos públicos, o que leva a nomeações políticas em vários níveis. Ele prometeu que, se eleito, “não faria loteamentos”. Em seguida, citou o caso da analista da Receita Federal suspeita de violar o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. “A Receita Federal cometeu um crime: quebrou sigilo (caso Eduardo Jorge). Isso depende da gula dos partidos. O PT tem uma gula infinita”, afirmou Serra. “Por exemplo, o governo aparelha as agências. Há uma série de loteamentos. Politizou-se (a relação)”, condenou. “A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que cuida de epidemias, foi posta de joelhos e destruída.”

“Para que um deputado quer colocar um diretor financeiro em uma empresa? Um diretor do setor de compras de um hospital (público)? É para pegar dinheiro”, acusou.

Quanto pior melhor

Porém, Serra negou que torça pelo erro dos adversários políticos. “Eu sou candidato para governar o Brasil no futuro. Não fico jogando no ‘quanto pior melhor’”, afirmou. Depois, o candidato ratificou as críticas sobre o que chamou de “doença” existente no Brasil. “No Brasil tem uma doença que é o patrimonialismo.”

Drogas

“A questão da droga é gravíssima. O preço da cocaína baixou 50 vezes. Então, isso aumenta o consumo. (Mas, para combater, são necessárias) cinco etapas (de ações)”, afirmou Serra. O candidato considera fundamental que a União garanta a segurança e a fiscalização para evitar a entrada e o consumo de drogas no país.

“A Bolívia expandiu tanto sua produção que é impossível que seja usada para consumo interno. (O Brasil) deveria pressionar o governo boliviano para ‘não ser frouxo’”, reclamou.

Ministério da Segurança

“A base do crime organizado é o contrabando de armas e (o tráfico de) drogas. Por isso, quero criar o Ministério da Segurança. Se a segurança vai mal, o governo se desgasta com os governadores. O crime organizado é um crime nacional”, explicou, lembrando que, se eleito, vai criar a pasta da segurança para unificar todas as forças que atuam no combate ao narcotráfico no país.

Pobre paga mais

“Pobre no país paga o dobro em impostos em relação ao rico. Isso proporcionalmente. Por exemplo, a manteiga e uma série de produtos da alimentação têm impostos embutidos”, disse Serra. “(A carga tributária) poderia ser reduzida. Isso não precisa de Constituição. Não precisa onerar os investimentos”, disse Serra.

“Nota fiscal brasileira”

“Vou criar a nota fiscal brasileira. O consumidor vai comprar no varejo e terá de volta 30% do imposto que o varejista pagou”, explicou o candidato, informando que o retorno pode ser por intermédio de crédito tributário ou em dinheiro. “Eu fiz isso em São Paulo (adoção da nota fiscal paulista), e diminuiu a sonegação”, orgulhou-se. O consumidor teria acesso a um percentual do valor dos impostos pagos ao fornecer dados pessoais no momento da compra.

“Governo pensa como nós”

“Acho que a gente tem o dever de antecipar os problemas. Para continuar crescendo no futuro, é preciso ter mais investimentos. No Brasil está se importando demais e exportando de menos. Tem gente dentro do governo, em nível de ministério, que pensa como nós. Não é uma coisa isolada”, afirmou Serra. “É preciso fazer uma equipe homogênea. Hoje há diferenças (nas posições assumidas pelos responsáveis) entre o Banco Central e (os ministérios do) Planejamento e Fazenda. É preciso ter um time harmônico.”