Senador cobra Câmara por restrição à internet na campanha

Acusado de cercear blogs e redes sociais para a disputa eleitoral de 2010, Eduardo Azeredo reitera promessa de emenda que garanta liberdade na rede

Artigo polêmico foi formulado na Câmara. Nenhuma das 110 emendas de senadores apresentadas até agora garantiu a liberdade na internet durante a campanha (Foto: Jim Frech/Sxc.hu)

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) cobrou críticas à Câmara dos Deputados pelos trechos mais criticados da minirreforma eleitoral aprovada na quarta-feira (2) nas comissões de Constituição, Jutiça e Cidadania (CCJ) e de Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). “As críticas estão dirigidas ao endereço errado”, disparou o tucano em entrevista à Agência Senado.

O projeto de lei da Câmara 141/2009 é alvo de críticas por ativistas, blogueiros e parlamentares por conter restrições à liberdade de opinião e de posicionamento durante a campanha eleitoral. O texto regulamenta o uso da internet e estabelece a possibilidade de se contratar publicidade em portais noticiosos.

Para Azeredo, há senadores criticando o texto aprovado sem jamais tê-lo visto. “O projeto votado pela Câmara é que tem o texto que dá margem a dúvidas e que não foi objeto de nenhuma emenda das 110 apresentadas pelos senadores”, afirmou.

O senador tucano declarou à mídia que pretende negociar uma aprovação conjunta com a Câmara para acelerar o processo e garantir que a legislação seja votada antes de 30 de setembro. Com isso, seria garantido que as novas regras valeriam já para o pleito de 2010.

Ele reitorou que pretende apresentar emenda em plenário para mudar o artigo 57-D, que, na redação atual, equipara as páginas de internet a veículos de rádio e TV. O teor da modificação do senador serai o de garantir que blogs, sites, e artigos assinados sejam permitidos. “A única restrição que se deve manter é com a questão dos debates pela televisão que são transmitidos pela internet, para garantir a igualdade de disputa”, defendeu.

Sobre outro ponto polêmico, retirado do texto pelo Senado, é a impressão do voto em 2% das urnas em 2010 e em todas a partir de 2014, Azeredo reconheceu estar negociando a medida com a Câmara.

Outro que promete, desde quarta-feira, emenda à minirreforma é Aloizio Mercadante (PT-SP). “A lei em vigor veda propaganda política 48 horas antes da eleição. Mas na web não pode caber essa restrição. Na internet proibir é proibido”, tuitou. Ele defende que sites de candidatos continuem no ar mesmo no dia da votação.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu comunicado na quinta-feira (3) declarando que, caso a restrição a críticas na internet a candidatos seja mantida, a entidade deve propor ação direta de inconstitucionalidade (Adin) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a norma.

O relator do projeto na Câmara, Flávio Dino (PCdoB-MA) escreveu em seu Twitter que há muita confusão no debate sobre internet nas campanhas eleitorais. “Candidatos e cidadãos não têm nenhuma restrição, e sim ampla liberdade. Não existe isso de censura, espaços iguais ou fiscalização”, postou.

Ele defendeu ainda a necessidade de regras para empresas comerciais, para evitar o abuso de poder econômico nas campanhas eleitorais.

Com informações da Agência Senado

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