Crimes ambientais

Ricardo Salles, relator da CPI do MST, é desmoralizado em sessão: “réu-lator”

Em sessão da CPI do MST nesta terça (29), Ricardo Salles foi chamado de “réu-lator” pela deputada Sâmia Bonfim, que lembrou os crimes pelos quais foi tornado réu

Reprodução
Reprodução
Ricardo Salles em sessão da CPI do MST nesta terça-feira (29): de relator a "réu-lator"

São Paulo – O relator da CPI do MST, deputado Ricardo Salles (PL-SP), foi desmoralizado na tarde desta terça-feira (29) durante sessão. Tornado réu em ação oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), que apurou um esquema de exportação ilegal de madeira, juntamente com o ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim, Salles foi chamado de “réu-lator” pela deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP).

“Acho irônico que vocês tentem criminalizar os movimentos sociais, mas na verdade os criminosos são vocês”, disse a deputada, dirigindo-se a Salles, que nas palavras dela “começa relator e pode sair preso”.

A deputada relembrou os verdadeiros interesses por trás da instalação da CPI do MST e os motivos que levaram à escolha de Salles para a relatoria. “Desde o início, a escolha desse relator tinha muito questionamento, tendo em vista seus interesses diretos em desmobilizar a reforma agrária nesse país, os financiadores de sua campanha e sua ação pretérita e presente de defender latifundiários.”

E destacou os crimes imputados a Salles, mostrando cartazes:

  • corrupção ativa e passiva;
  • prevaricação;
  • advocacia administrativa;
  • facilitação de contrabando;
  • desacato;
  • crime contra a administração ambiental;
  • obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do poder público;
  • falsidade ideológica;
  • violação de sigilo funcional;
  • organização criminosa.

“Mas os últimos acontecimentos tornam ainda mais graves a permanência ‘daquele sujeito’ na relatoria. Por que ele não é apenas um relator. Agora ele é um ‘réu-lator’, levando em conta que a procuradoria pediu e foi acatado (pela Justiça) que ele fosse réu por uma série de crimes”, disse.

Diante dos burburinhos na sala e dos apelos ao presidente da comissão, deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), para o corte do microfone da deputada, Sâmia foi além: “Eu entendo que os senhores estejam nervosos. Muitos membros se retiraram da CPI após a suspeição do relator, que iniciou o dia tentando vender para a sociedade brasileira que estava tudo ganho e termina o dia tentando se explicar de seus crimes”.

“Criminalizam os movimentos, mas os os criminosos são vocês”

“Acho irônico que encham a boca para tentar criminalizar o movimento social e todos aqueles que lutam por direitos no Brasil. Mas na verdade os criminosos são vocês. E eu suspeito inclusive que com o senhor Ricardo Salles vai acontecer o mesmo que está acontecendo com a Carla Zambelli, com o próprio (Jair) Bolsonaro e seu entorno. Começa relator e pode sair preso, presidente”.

As acusações do Ministério Público contra Ricardo Salles se referem ao período em que foi ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL). Salles e seu então subordinado, que presidia o Ibama, fizeram grande pressão e até modificaram normas para a liberação e exportação de madeira extraída ilegalmente. Madeira essa que entrou nos Estados Unidos sem certificação, levantando suspeitas de contrabando e levando a denúncia de órgão equivalente ao Ibama naquele país.

Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima