Resolução

PT unifica defesa de eleições e exalta frentes de movimentos sociais

Antes dividido, partido diz haver 'consenso absoluto' por eleições diretas já e pede a militantes para reforçar Frente Brasil Popular e ampliar unidade com campo progressista, como a Frente Povo sem Medo

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Com presença de Lula, reunião endossou Dilma, sobre “a mais enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”

São Paulo – A Comissão Executiva Nacional do PT divulgou hoje (2) resolução em que expressa o fim das divergências internas em relação à luta por eleições diretas, como bandeira paralela aos recursos judiciais pela anulação do impeachment.

A resolução endossa o pronunciamento da presidenta destituída Dilma Rousseff, quando anunciou “a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”. O presidente da legenda, Rui Falcão, observou que o documento aprovado na reunião alcançou “absoluto” consenso. “Nosso objetivo central é colocar fim ao governo do usurpador Michel Temer e conquistar o direito do povo eleger, direta e imediatamente, um novo presidente da República.”

“Se antes havia divergências sobre a proposta de antecipação de eleições presidenciais, agora a situação é outra, pois o Estado tem à frente um governo usurpador, ilegítimo, sem votos, com um programa antipopular e antinacional. A recuperação da legalidade e o restabelecimento da democracia, nessas condições, somente se efetivarão quando as urnas voltarem a se pronunciar e o povo decidir os caminhos da Nação”, destaca a resolução. “O que exige construir uma ação conjunta e iniciativas práticas com partidos e entidades populares, capazes de mobilizar e dar efetividade a este objetivo rumo à normalização democrática, como a diretas já.”

Embora repita inúmeros argumentos utilizados por aliados e pelo advogado de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, durante o julgamento do impeachment, o destaque da nota divulgada pelo partido é a confirmação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trabalhado pela chamada frente ampla e por um bloco de oposição ao governo Temer. Participaram ainda da reunião, além de Lula o presidente da CUT, Vagner Freitas, e Gilmar Mauro, do MST. A central e o movimento dos sem-terra ocupam papel de protagonismo na Frente Brasil Popular.

O coletivo, que reúne dezenas de movimentos sociais e três partidos (PT, PCdoB e PDT), é mencionado como referência de mobilização. A resolução cita ainda a busca de ações conjuntas com a Frente Povo Sem Medo, liderada por Guilherme Boulos, coordenador do movimento de moradia MTST.

“Conclamamos todos os petistas a continuar a reforçar a Frente Brasil Popular, como o principal espaço de unidade e organização da resistência ao golpe, impulsionando também nessa direção as organizações nas quais atuam”, diz o comunicado. “Devemos nos empenhar pela construção da FBP nos estados e cidades, sempre trabalhando pela unidade com as demais correntes do campo progressista, particularmente aquelas que se inscrevem na Frente Povo sem Medo”, acrescenta.

Rui Falcão assinalou ainda, durante entrevista coletiva, que a orientação do PT é que a temática da desconstrução do golpe esteja presente nas eleições municipais. “É até possível que haja candidatos que utilizem uma cor diferente, não usem estrela ou a marca PT. Mas se ele esconder o PT, seus adversários o mostrarão. Respeitamos cada realidade em que a disputa se insere, mas nossa orientação é que nosso partido, nossas bandeiras e nosso projeto seja defendido.”

O presidente do PT revelou ainda que deputados estaduais da legenda intercederam junto à Casa Civil do governo de São Paulo para que os quatro jovens presos após o primeiro dia de manifestações pós-golpe em São Paulo fossem libertados. “Já estavam querendo levar os jovens manifestantes para o cadeião”, disse.

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